🗞️ As falsas preocupações veganas de Elon Musk

O empresário bilionário Elon Musk apresenta sua nova empresa, a Neuralink

Alguns médicos, veterinários, cientistas, pesquisadores, jornalistas, professores, divulgadores científicos e tantos outros ligados a diversas áreas do conhecimento, apesar de aparentarem terem boas intenções, carregam dentro de seus corações o mesmo sentimento que movia um homem como Josef Mengele: o desprezo total com a vida. O célebre nazista conhecido como Anjo da Morte, que morreu no Brasil depois de fugir como muitos outros das consequências por terem perpetrado um dos maiores crimes contra a humanidade do qual se tem notícia, o holocausto judeu, tinha como alvo crianças gêmeas para torpes experimentos ditos “científicos”. Muitas morriam ou, se sobrevivessem, ficavam com sequelas e traumas para toda a vida. Não dá pra dizer que absolutamente nenhuma delas passou por aquilo incólume por mais “sorte” que tenha tido.

Agora empresários também se enquadram nessa condição de carregarem essa pulsão de morte dentro de si! Quer dizer, não chega a ser privilégio do estadunidense Elon Musk (que além de ter outras duas nacionalidades, tem uma fortuna que passa de 100 bilhões de dólares!) tal condição, mas chama a atenção um dos homens mais celebrados do mundo por suas “conquistas” tecnológicas partir para pesquisas com animais… Talvez o que chame mais a atenção pra ele agora é que há um ano, ao ser questionado pela PETA (uma organização que age pelos direitos dos animais não humanos) se retiraria o couro animal dos veículos elétricos fabricados por uma de suas empresas, a TESLA, Musk indicou que faria essa alteração. Desde o Model 3, então, é possível comprar carros totalmente sem couro animal, incluindo os volantes. Que legal, não?

Não… porque quem se importa de verdade com os animais pode perceber que se tratava de algo sem continuidade ou, mais ainda, que tal “realização” provavelmente tinha tão somente relação com dinheiro: vende-se mais se as empresas atendem veganos e não-veganos. A indústria da alimentação, por exemplo, está fazendo exatamente isso já há algum tempo: matadouros vendem também para intrépidos consumidores com aversão a exploração animal que compram satisfeitos seus produtos “veganos”, pois, afinal, é bom ter “opções veganas”.

Saiba mais: POR QUE AS PRINCIPAIS “ONGS VEGANAS” E OS “PRINCIPAIS” ATIVISTAS “VEGANOS” ESTÃO TODOS ERRADOS?, por Fabio Montarroios

A nova empresa de Elon Musk (um cara um tanto perturbado), a Neuralink, está prometendo que pessoas poderão mover objetos e próteses com a mente, a cura do Alzheimer etc. Para atingir tal feito, que se dá por intermédio de uma sonda implantada no cérebro que monitora a atividade do órgão e permite que ele se conecte a um computador, foram realizados testes em porcos e outros animais. E isso numa operação que envolve uma espécie de robô cirurgião. Vemos o empresário ao lado dos “três porquinhos”, como ele os chama, que, apesar de não exibirem sinais aparentes de maus-tratos, carregam dentro de seus cérebros o famigerado aparelho. Obviamente não é preciso dizer que os porcos não se voluntariaram para experiência e em momento algum foi da vontade deles participar desse espetáculo horrendo. E, convenhamos, fazer testes em animais, nos dias de hoje, não tem absolutamente nada de inovador. Por que o incrível Elon Musk não aparece com algum outro tipo de solução que não esta que é usada desde os anos 70 do século passado para esse tipo de atividade? Ora, é simples: ele não é inovador de fato; ele apenas faz crer, para que as ações de suas empresas sigam extremamente valiosas.

Vale indicar que a PETA também não gostou dessa empreitada de Musk, mas por ser uma organização bem-estarista, suas queixas resvalam num discurso pouco abrangente e efetivo. Mesmo assim, a PETA sugeriu apropriadamente que ele colocasse o implante na própria cabeça, ao invés da dos porcos. Bom, se Musk tivesse a coragem de Nikola Tesla (vem daí o nome da sua empresa de carros elétricos), que se metia no meio dos seus perigosos experimentos, provavelmente veríamos algo do tipo. Mas além de covarde, Musk não tem a consciência ética que Nikola Tesla teve em vida: o inventor sérvio achava “imoral e cruel” o abate de animais.

Saiba mais: PODCAST SABER ANIMAL #006 – NOTÍCIAS, por Vanice Cestari e Fabio Montarroios

A menção ao nazismo que fiz logo no início deste texto não é uma frase de efeito tão somente. Em reportagem do site BBC Brasil é possível ler a seguinte fala do empresário: [a empresa Neuralink está propiciando uma] “jornada para capacitar humanos com superpoderes”. Você já deve ter ouvido essa história de humanos melhores, não é mesmo? Claro que sim e justamente com os nazistas e suas teorias eugenistas (não circunscritas à Alemanha, claro)! Eram eles que indicavam ao mundo que eram uma raça superior, a tal raça pura ariana que estava distante de todas as outras por serem elas inferiores e incapazes dos feitos da Alemanha nazista… Para os nazistas, os judeus eram a escória, mas não pense você que eles aliviavam para outras etnias. Com efeito, Musk também fala em uma “cognição super-humana” numa fusão das pessoas às inteligências artificiais para que elas não dominem e destruam a espécie humana! Se ele estivesse chapado ao dizer isso, ok, mas não é o caso.

Nessas pesquisas que envolvem animais, geralmente vemos, quando vemos, apenas a parte final delas. Nunca se diz ou se exibem as fases anteriores, em que o sofrimento animal é tão ou ainda mais elevado. Também não ficamos sabendo quantos animais morrem até a chegada do resultado pretendido ao fim dos experimentos. Ora, não se tem os detalhes, porque são segredos que valem muito dinheiro. E mesmo se houver dinheiro público financiando essas pesquisas, tão pouco o acesso a elas é dado – seja voluntariamente ou via Lei de Acesso à Informação. Os animais utilizados em laboratórios vivem suas vidas confinados e dificilmente conhecerão outra situação para além daquela do cativeiro: eles nascem, vivem pouco, sofrem o inimaginável e morrem ali mesmo em decorrência dos experimentos ou são eutanasiados por não terem mais utilidade alguma. Em suma, os animais são tratados como coisa e descartados como lixo. E apenas através de pressão social, boicotes, leis que os protejam de modo duradouro e sem restrições de espécie e, em um gesto mais dramático, resgates podem tirá-los dessa situação humilhante e degradante.

E pode parecer algo distante de nós essa discussão que envolve tanto dinheiro e pesquisas científicas, mas na década passada, o aclamado cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que tenta sem sucesso fazer algo parecido também via implante cerebral, mas de modo menos ambicioso e cheio de problemas, submeteu macacos em suas pesquisas a grande sofrimento. Ele chegou a ser interrompido em apresentação pública por ativistas pelos direitos dos animais não humanos e não tardou em taxá-los, vejam só, de fascistas. O “cientista” não admite críticas e diz que apenas pessoas racionais são capazes de entendê-lo, as irracionais protestam! E o cara ainda se diz de esquerda… Bom, esse assunto foi parar no Fantástico e um jornalista teve permissão para ver, mas sem poder gravar (por que será?), os animais usados nas experiências por Nicolelis e indicou que eles estavam bem e felizes depois de sair de uma sala reservada. Algo difícil de acreditar…

Para quem ainda não se lembra bem desse “cientista”, que indicava poder fazer uma pessoa se levantar de uma cadeira de rodas, andar e chutar uma bola, ele chegou a nos fazer crer que o seu exoesqueleto robótico, até então uma grande promessa, operado por um deficiente físico, executaria tal feito na abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil apenas com a força da mente. Num brevíssimo vídeo de três segundos, é praticamente impossível determinar se a coisa funcionava mesmo ou se ele deu um leve empurrão com a mão na bola já a deixando em movimento. Talvez possa ter sido outro caso clássico de “La Mano de Dios”, como já ocorreu em outras Copas, vai saber, né? Apesar dos milhões investidos no projeto, o MIT cravou que se tratou de um dos principais fracassos daquele ano.

Saiba mais: PRIMEIRO LABORATÓRIO DE SAÚDE PÚBLICA DO PAÍS SEM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL, por Vanice Cestari

Elon Musk diz sobre os porcos do seu experimento: “todos estão saudáveis, felizes e sem diferenças em relação a um porco normal”. Os testes envolveram ratos e também macacos, que por se parecem mais conosco, nutrem ainda mais esse desejo nazista subjugar outros seres vivos as suas vontades e ambições. Não nos custa imaginar que o sonho real desses “cientistas” seja o de testar logo com humanos (de todas as idades), provavelmente humanos que eles não considerem dignos de levar uma vida como a deles. Este, inclusive, era o desejo de Musk: testar o quanto antes em humanos, mas isso vai ter que esperar. Para mim é óbvio: é impossível saber o que vai acontecer numa pessoa com um implante desse, porque testes em animais são inúteis já que são outros organismos, diferentes biologicamente dos nossos para que possamos, com os corpos deles, resolver os nossos problemas.

Nós do Saber Animal, evidentemente, não refutamos o conhecimento científico acumulado por milênios pela humanidade, mas não passamos pano para projetos de qualquer ordem que envolvam animais. Eles, como sabemos, não são necessários para que nossos desejos se realizem ou para curar os nossos males (muitos deles, ironicamente, criados graças ao conhecimento científico, como é o caso das emergências climáticas). Se animais não humanos foram usados no passado, não foi por limitação técnica, mas por total ignorância e indiferença de muitos em relação a condição de vidas sencientes que eles também carregavam (e carregam) em seus corpos. E nós, inclusive, temos a confirmação disso atualmente graças aos esforços de autênticos cientistas.