✡️ Encontrar a si ou o outro é encontrar Deus


Não existe separação entre Céu e Terra. Assim é. 

Nas dimensões mais elevadas da existência estamos interconectados, é o significado do “somos todos um”. Tampouco podemos estar separados de quem amamos, sob nenhuma hipótese ou circunstância, nem mesmo pela ocorrência da morte. 

A separação é uma ilusão de onde provêm os menores desentendimentos às maiores e diferentes guerras. Nessa experiência terráquea nos sentimos separados de Deus, quer cremos ou não em sua existência; alguns de nós creem em um Deus punitivo e justiceiro, enquanto outros como alguém muito distante com o poder de dirigir nossas vidas e para quem devemos apelar quando necessitamos de algo. Se não somos atendidos, podemos pensar que Deus nos abandonou ou que então simplesmente não existe.

A mente humana não pode compreender Deus, pois o que é finito não pode conter o infinito. Nos sentimos separados de Deus porque a grande maioria vive constantemente separada de si mesmo. Se sentir separado de alguém é um sintoma aparente de que está separado (ou se desconectou) de si mesmo, do próprio Deus interior. 

Se estamos separados de nós mesmos, consequentemente nos sentiremos separados de nossos semelhantes. Também podemos nos sentir separados dos outros seres (animais, por exemplo) e da natureza e nesse sentido toda forma de separação não passa de uma ilusão, pois viemos da mesma fonte maior universal. 

Como um sonho dentro de outro sonho, se desenrola cotidianamente a vida humana e, ao mesmo tempo, o que é ilusório em um mesmo nível é também (evidentemente) real para nosso humano que aqui habita em cada corpo e mente, assim como o é para outros seres sencientes. 

Em outras palavras, podemos entender a vida física como a superfície de uma realidade mais profunda. O mundo material decorrente do espiritual. 

A Terra não é um lugar onde nascemos para sofrer, sermos castigados ou um tipo de inferno de outro planeta como já ouvi dizerem. A Terra é sagrada e divina tanto quanto o céu e as estrelas. Habitamos um mundo onde existem vários mundos, podendo ser nosso inferno ou nosso paraíso a depender da lente que usamos, do que vibramos (pensamos, sentimos), do quão consciente estamos acerca dos mundos, interno e externo.

O paraíso na Terra é uma frequência, como uma estação de rádio que a gente sintoniza, com a diferença de que esse acesso se dá pelo lado de dentro.

Interiormente podemos acessar esse não-lugar que está fora deste tempo-espaço, no continuum da eternidade, como breves “visitas” ou vivências, uma vez que a permanência, ainda que temporária, nesse estado de ser não é possível ainda para a grande maioria da humanidade, todavia, para quem escolhe esse caminho vai se tornando cada vez mais possível na medida em que vamos adaptando nossos corpos (espiritual, mental, emocional e físico).

Tal adaptação todos nós que estamos aqui encarnados neste tempo já estamos fazendo em certa medida, o que significa cuidar das emoções, da saúde mental, física, além do aspecto espiritual que envolve toda a nossa vida, ainda que pouco se perceba.

Com variações de maior ou menor habilidade, a grande parte de nós, humanos, estamos caminhando nessa jornada evolutiva. Quem chegou até aqui nesta leitura já está ao menos com um pezinho nesse processo. Se pensa que não, basta observar se algum momento já foi capaz de sentir amor incondicional ou perdoar, o que é impossível de ser feito somente pela mente humana.

O paraíso é um lugar de união com Deus – e consigo mesmo – no estado mais puro e pleno de amor. E é aqui na Terra mesmo, encarnados, que podemos estar – ao menos por breves instantes – nesse não-espaço físico ou além espaço-tempo. 

O acesso a ele se dá pela entrada em um estado de vibração de amor profundo e incondicional por tudo o que é, um estado de rendição e entrega, inexplicável em palavras porque é preciso se permitir à entrega dessa experiência.

Quem rompe essa conexão interna somos nós mesmos, nos retiramos desse estado natural de deleite seja por vontade própria (de modo consciente, como ao final de uma meditação, por exemplo), seja mediante um pensamento ou sentimento que está fora dessa alta frequência interna, como as formas de apego, que geralmente são inconscientes como a sensação de culpa, de indignidade, de não merecimento… 

Eu, que em instantes da vida já cheguei a duvidar da existência de Deus por sentir a injustiça no mundo, agora sei que o mundo é absolutamente perfeito em um nível que não somos capazes de compreender racionalmente. E estamos (na verdade, somos) mais próximos do divino do que podemos imaginar.

E quanto nossas dores, individuais ou coletivas, se escolhermos o caminho da Verdade interior, devemos fazer os ajustes internos em nós mesmos para que a justiça divina seja manifestada na Terra, que nada tem a ver com o conceito humano e popular de justiça.

A divina presença está conosco o tempo todo dentro de nós. Esse foi e é o grande ensinamento dos verdadeiros mestres que descem à Terra de tempos em tempos e que vêm nos lembrar de nossa essência divina, tal como fez Jesus, na missão de colaborar com o nosso despertar.

A tarefa principal de cada um de nós, e somente essa, é irmos fazendo esse ajuste divino ao longo de nossa existência, focando mais na própria luz e trabalhando as próprias sombras, ao invés de apontar a dos outros. Assim vamos liberando o que nos afasta de nós mesmos em essência. A paz na Terra é consequência dessa grande (e ao mesmo tempo simples e humilde) obra individual e coletiva.

Pude sentir e num lampejo também vi, com meus olhos carnais, muita luz chegando neste mundo, a luz que somos. É tanta luz! Precisamos aprender a confiar na nossa essência divina, nos entregando mais à vida, sem mais travarmos guerras no intuito de combater outras. Isso não funciona. Quem se compromete consigo mesmo fazendo o seu processo individual colabora para a luz do mundo, além da expansão da sua própria luz.

Senti e tenho sentido a cada dia a minha luz, assim como podemos treinar o nosso olhar para ver mais a luz nos outros seres e em tudo. E isso parte primeiramente de uma escolha. Tudo é luz, por mais que nossa mente humana diga o contrário. Simplesmente é a nossa consciência que ainda não expandiu o suficiente para compreender.

O mal é simplesmente o bem ainda não manifestado. O olhar bondoso e compassivo ajuda a curar a si e aos outros, enquanto que o olhar julgador contribui para a manutenção da dor individual e coletiva.

Abro meu coração aqui neste texto para que ele toque o seu, que neste instante pode estar fechado, angustiado, doendo ou desanimado, assim como o meu também fica em alguns momentos, afinal, somos humanos.

Escrevo também como um registro, a fim de que possamos recordar, de tempos em tempos, que cada um de nós, cada ser vivo, é amado e amparado em um nível muito além do que somos capazes de imaginar. A Vida que ocupa cada ser cuida de si própria. Não há nenhuma possibilidade de estarmos sós ou abandonados quando escolhemos abrir nosso coração para o amor entrar (e ele vem de dentro).

Sustentar estados mais elevados de consciência, ainda que por breves períodos, não está reservado à pessoas “iluminadas” ou “especiais”, pois há muitas oportunidades e possibilidades, em momentos da vida cotidiana humana, de irmos ao nosso próprio encontro – que é encontrar Deus em nós – e nele permanecermos o tanto quanto pudermos. Estejamos a sós ou acompanhados, o mais importante é estarmos nessa íntima conexão interna, alinhados em corpo, mente e alma no momento presente. 

Em cada encontro com a natureza, com outro ser, com um animalzinho, com outro humano, com uma flor, um pássaro, uma árvore… em cada encontro com uma situação desafiante ou excitante da vida, em cada encontro com a dor ou com a sensação de prazer que a vida nos traz em diferentes momentos da existência, aí reside sempre ao menos uma oportunidade de encontrar Deus, onde podemos permanecer em União pelo lado de dentro, através do coração; repousando em Deus.