Glossário

ABOLICIONISMO é termo utilizado na defesa dos direitos animais que implica no fim (abolição) da exploração animal pelo ser humano e em todos os setores da sociedade, pois se reconhece que os animais são seres sencientes (possuem capacidade de sentir e nível de consciência onde experimentam estados de dor, prazer, alegria, tristeza, sofrimento etc). O movimento pela libertação animal vai além de escolhas alimentares, podendo ser considerado um ato político e revolucionário (não reformista) porque rejeita a regulamentação da crueldade ou qualquer forma de exploração animal. Para uns trata-se de uma questão de justiça, para outros é uma postura ética-filosófica. Como consequência, os adeptos do abolicionismo animalista praticam o veganismo no seu cotidiano e assim contribui-se diretamente para o fim da ideologia dominante que oprime os animais e explora a natureza de maneira avassaladora.

BEM-ESTARISMO é uma outra linha de defesa animal que requer melhorias nas condições de vida dos animais explorados, para que sejam “menos maltratados” nas indústrias, comércio, pela comunidade científica e outros locais onde haja uso e exploração animal, de modo que não se busca o fim da exploração (divergindo assim do abolicionismo animal), mas perpetua e até mesmo reforça a ideologia exploratória com medidas paliativas e superficiais por se acreditar que assim pode haver uma suposta diminuição do sofrimento animal ou como um meio “pragmático” para uma futura abolição. De certo modo, a ideologia bem-estarista ainda parte da visão antropocêntrica de mundo onde o ser humano é considerado como “centro de toda a vida” em um sentido de superioridade sobre as demais espécies e, portanto, supostamente detentor do “direito de usar e explorar” os animais para seus interesses ou necessidades próprias, ainda que inexistentes ou secundárias. O ideal bem-estarista acaba incentivando o consumo de produtos de origem animal se estes vierem de “fazendas orgânicas” (a questão ambiental prevalece sobre a questão animal) e com supostas práticas de “bons-tratos” na atividade pecuária, o que não se sustenta na realidade.

(Obs.: é comum entidades e ONG´s em defesa dos animais misturarem as duas ideologias em suas ações conforme seus próprios interesses ou até mesmo por falta de maior consciência política, o que podemos notar quando divulgam ideias abolicionistas em seus canais de comunicação ao mesmo tempo em que participam de ações em defesa do bem-estarismo, como por exemplo quando se aproximam de parlamentares para apoio de leis bem-estaristas).

ESPECISMO é uma palavra cunhada em 1973 pelo psicólogo britânico Richard Ryder que, após trabalhar em laboratórios de pesquisa, passou a militar em prol dos animais, se posicionando abertamente contra testes em animais. Em seu livro Victms of Science: The Use of Animals in Research apresentou o conceito do referido termo: “Eu uso o termo ‘especismo’ para descrever a discriminação abrangente praticada pelo homem contra outras espécies e para traçar um paralelo com o racismo. Especismo e racismo são ambas formas de preconceito baseadas nas aparências – se o outro indivíduo tem um aspecto diferente então é considerado moralmente inadmissível. O racismo é hoje condenado pelas pessoas mais inteligentes e compassivas e parece simplesmente lógico que essas pessoas devam estender sua preocupação por outras raças a outras espécies também. Especismo e racismo (e na verdade sexismo) ignoram ou subestimam as semelhanças entre o discriminador e aqueles contra quem discrimina e ambas as formas de preconceito expressam o descaso egoísta pelos interesses de outros e por seus sofrimentos”.

SENCIÊNCIA é a capacidade que alguns seres vivos possuem de sentir sensações (quente, frio, dor, conforto, desconforto etc) e emoções (medo, alegria, tristeza etc) com diferentes graus de consciência e inteligência por meio dos cinco sentidos, como nós seres humanos: tato, visão, audição, olfato e paladar. Um ser senciente possui nível ou níveis de consciência que lhe permite experimentar sensações emocionais e perceber o que acontece a si próprio, ao seu corpo, aos membros do seu grupo e no meio ambiente que o rodeia.

VEGANISMO: é uma filosofia ou modo de vida que procura excluir – na medida do possível e praticável – todas as formas de exploração / crueldade com os animais, que inclui a alimentação, vestimenta, entretenimento, consumo em geral, priorizando-se a consideração ética com os animais e, por extensão, incluindo a defesa da natureza e dos seres humanos, em uma visão integrativa e biocêntrica em benefício de todas as manifestações da vida. Segundo a The Vegan Society, em termos dietéticos, “o veganismo denota a prática de dispensar todos os produtos derivados, total ou parcialmente, de animais”.