🎞️ Cinema: Gunda (2020)

Cena do filme Gunda com filhotes de porcos sendo amamentados pela mãe
Cena do filme Gunda

Antes que o ano terminasse, surgiu no horizonte um documentário animalista que, talvez, possa ajudar muitas pessoas a repensarem sua relação com o mundo. Sim, o que fazemos com os animais que exploramos há milênios tem impacto cada vez maior sobre as nossas próprias vidas (as emergências climáticas, por exemplo). Gunda (2020), do diretor russo Viktor Kosakovskiy, tem como produtor-executivo o ator Joaquim Phoenix. O primeiro era vegetariano e se tornou vegano após o filme. O segundo é vegano há décadas e um famoso ativista pelos direitos dos animais.

A popularidade de um recém-ganhador do Oscar pelo seu papel em Coringa com certeza vai ajudar a impulsionar um filme que provavelmente ficaria mais restrito a um pequeno grupo de cinéfilos pela sua temática e estilo nada usual. A presença de Joaquin Phoenix já tem ajudado a chamar a atenção dos críticos e de uma audiência cada vez maior. Eu mesmo só soube de Gunda pela grande imprensa brasileira, o que é um bom sinal, apesar da grande imprensa fazer parte da exploração animal de maneira bem ativa.

Vale ressaltar o seguinte: neste documentário não há entrevistas, narrações ou mesmo música. As filmagens foram em preto e branco e com sutis movimentos de câmera e uma primorosa captação de som que nos traz detalhes que passariam desapercebidos se um outro formato tivesse sido escolhido.

Trailer do filme Gunda

E se você ainda não viu o filme, pode ser que seja mais interessante assisti-lo primeiro e depois terminar de ler esta crítica, pois é inevitável falar do que se passa nele (começo, meio e fim). Não que hajam surpresas que não possam ser reveladas, não é isso, mas pode ser que passar pela experiência de ver Gunda seja o suficiente, já que ela transcende esta crítica e, creio, qualquer outra que tenha sido ou que venha a ser escrita depois que o filme alcançar um público maior.

Consegui vê-lo através de um serviço de streaming de uma sala de cinema estadunidense e isso me permitiu escrever sobre ele antecipadamente. Atualmente, o filme está disponível na plataforma HBO MAX.

UM UNIVERSO DESCONHECIDO AO NOSSO REDOR

Trata-se de uma experiência fílmica, mas também sensorial, pois em meio a poluição sonora dos centros urbanos, são raros os momentos do dia em que podemos ouvir as manifestações das outras espécies (especialmente os pássaros e seus múltiplos cantos) por elas serem abafadas por carros, aviões etc. Neste documentário ouvimos a porca Gunda, seus filhotes, as galinhas, as vacas, as moscas, os passos dos animais, o canto de um cuco, o vento, as folhagens… É praticamente um outro universo que nos é apresentado, apesar dele estar debaixo do nosso nariz.

Concentrando-se na rotina de uma porca e seus filhotes recém-nascidos numa fazenda, o documentário vai sendo lentamente acompanhado ao mesmo tempo em que podemos ver algumas galinhas sendo libertadas num santuário e vacas aproveitando um brevíssimo momento de descanso das linhas de produção de leite. Esse é o resumo do filme e esses poucos personagens rendem uma história incrível a qual tenderíamos a desprezar ante os nossos próprios dilemas. Uma pena, porque eles parecem ter muito a nos dizer se ficarmos atentos para reparar em suas ações.

Vacas sendo liberadas do galpão demonstrando êxtase com o momento

Mesmo sendo um filme animalista, que toma o lado dos animais, não se vê nenhum ato de violência explícita tão comum na indústria da exploração animal (que começa muitas vezes justamente nas fazendas). Ativistas geralmente escolhem as duras imagens de tortura e assassinato da indústria da carne para abordar o tema com o intuito de nos convencer do quão antiético é fazer isso com eles, mas em Gunda a violência está lá o tempo todo de maneira apenas implícita e muito sutil, pois no documentário podemos ver do que privamos os animais quando os exploramos e vemos a violência também em vestígios e nos traços da presença humana que é violenta por si só (e não me refiro a uma violência simbólica).

A propósito, não é possível ver nenhuma pessoa durante todo o filme. Sabemos apenas que alguém dirige um carro com as galinhas até o local em que elas serão soltas. Vemos um trator que está sendo guiado por alguém que tem uma tarefa a cumprir. Observamos Gunda entrar e sair de um celeiro. E, claro, temos noção que há uma equipe de cinema que registra os animais e o ambiente em que eles estão. A presença humana se dá mais pelas construções e nas interferências que criamos na natureza: as cercas, o celeiro, as máquinas, o galpão em que as vacas ficam confinadas e, obviamente, nos arranjos aos quais os animais são submetidos levando uma vida domesticada e de plena escravidão.

Aliás, esses momentos com as galinhas são particularmente interessantes, pois, ao que tudo indica, elas estão sendo liberadas de uma vida de exploração e a hesitação delas em abandonar a gaiola é grande, pois elas simplesmente nunca, em toda a vida delas até ali, encontraram o ambiente natural. É quase como se encenássemos o mito da caverna de Platão com aquelas aves. Uma delas está sem as penas no pescoço, a outra só tem uma das pernas e mesmo assim segue explorando o novo espaço. Todas elas foram vítimas da intensa exploração das aves que morrem aos bilhões todos os anos para termos alguns poucos segundos de prazer gustativo.

Galinhas hesitam em sair da gaiola quando liberadas em um santuário
A galinha se depara com uma cerca e tenta ultrapassá-la sem sucesso

Em uma das cenas extremamente impactantes, se o espectador ficar atento, vemos uma das galinhas libertadas avançando e se deparando com uma cerca. Apesar de todo o espaço que ela tem agora, ela preferiu tentar passar pela cerca e romper aquela barreira que, para ela, obviamente não tem o mesmo sentido que tem para nós, que é o de demarcar propriedades, estabelecer fronteiras e nos separar uns dos outros…

Um momento que pode beirar o cômico, mas sem o ser de todo, porque não é esse o objetivo do diretor, vemos as vacas, que sofrem horrores (elas são estupradas, têm seus filhotes e leite roubados periodicamente e quando “não servem” mais são mortas) para manter viva a indústria dos laticínios, se posicionando de tal forma que elas parecem cooperar para com seus rabos afastarem as incômodas moscas de suas faces. Elas se posicionam em paralelo e abanam os rabos. E parece funcionar!

Vacas se abanando para espantar moscas em nítida cooperação

FILMES ANIMALISTAS E O GÊNERO QUE NÃO EXISTE

Aproveito para tentar esclarecer o que, afinal, seria um filme animalista. Me parece que como tal coisa é tão rara, é preciso explicar. Na verdade, não chega nem a ser rara, porque tal gênero não existe – ainda.

Bom, um filme animalista privilegiaria a vida do animal e ponto. Não se trata de espioná-lo como naqueles documentários de vida selvagem que vimos na infância ou que são exibidos até hoje nos ditos canais de divulgação científica em que a condução dos registros parece sempre isolar os animais numa condição idílica de uma natureza intocada, quase como se estivéssemos visitando um outro planeta e vendo as novas espécies que lá habitam.

Não é o caso de Gunda que é um exercício de observação puro e simples sem a expectativa de explicar algo ou buscar entender algo para além do que está sendo dado naquele momento. A reflexão pode ficar para depois, quando o espectador tiver passado por aquelas imagens… A estética do filme, muito apurada e delicada, lembrando até algumas fotos de um Sebastião Salgado, indica que há, sim, um observador humano ali e que, segundo o diretor, chegou a ser farejada (a equipe) pela porca Gunda que foi lá tomar conhecimento daqueles seres que ficavam a uma certa distância dela e de seus filhotes.

A forma como o diretor acompanha Gunda e os outros animais nos faz, de modo muito sensível, sentir como se estivéssemos nós mesmos a filmá-los. Alguns poucos filmes de ficção e mesmo documentários possuem essa capacidade de nos envolver ao ponto de nos colocar quase dentro deles, mas esse parece ser ainda um privilégio dos jogos eletrônicos pela possibilidade de interação com história, não apenas assisti-los. Fica cada vez mais claro pra mim que o documentário Gunda terá um lugar destacado na história do cinema ao abrir caminho para uma forma de ver os animais que é diferente da qual estamos acostumados.

Gunda cuidando de um de seus filhotes

Longe da perfeição, vale observar, pois ainda assim o espectador estará distante dos animais e no conforto do seu lar quando assistir ao documentário Gunda, conforme indica o excelente ensaio Animais no cinema: a ética do olhar humano, de Randy Malamud, no livro Pensar/escrever o animal, organizado por Maria Esther Maciel:

A diferença, a forma deficiente de olhar os animais na cultura visual comparada com o ato real de olhar os animais, deriva do simples fato de que os espectadores que vão aos cinemas, ou surfam na internet não estão realmente próximos do animal, mas, em vez disso, estão confortavelmente isolados e escondidos em seu próprio mundo. E animais não combinam muito bem com esse mundo. Creio que nossas percepções dos animais na cultura visual, mediadas como são pelos artifícios de nossa própria cultura, não podem ser tão precisas, tão autênticas quando olhamos animais verdadeiros. Na cultura visual os animais são editados, enquadrados, mercantilizados e, de alguma forma, reduzidos.

O feito de Viktor Kosakovskiy, que quis nos dar a distância exata entre o espaço que o animal tem para se movimentar e propriamente viver a sua vida, é justamente o que permite ter a medida do quão importante é ver (testemunhar) o cotidiano de uma porca que apenas cuida de seus filhotes com zelo e carinho. Essa foi uma preocupação dele ao contratar o profissional que conduziria a câmera, porque ele precisa de alguém que soubesse se posicionar para não tolher a liberdade do animal. O diretor considerou essa uma questão puramente estética, mas ética e, de fato, trata-se de uma ética do olhar.

Tanto que depois de um tempo assistindo ao documentário, qualquer comparação com uma mãe humana é plenamente válida aqui. Por sermos mamíferos temos uma indiscutível proximidade e por sermos animais temos indisfarçáveis semelhanças. E por estarmos todos no mesmo planeta e seguindo nossas linhas evolutivas dentro de cada espécie, vivenciamos, juntos com os animais não humanos (todos eles), um momento único em que a abundante presença humana na Terra (7 bilhões de pessoas), mais do que em qualquer outro momento histórico, é tão impactante para as outras espécies, que vê-los experimentando a vida, como nós fazemos todos os dias, é crucial para nos lembrar da nossa própria condição animal e do que estamos perdendo quando perdemos de vista as pessoas não humanas nas múltiplas camadas da exploração que desenhamos para elas.

Os filhotes de Gunda lutando pela vida buscando o leite materno

Uma distopia como Filhos da esperança (2006), de Alfonso Cuarón, em que ter filhos se tornou um evento raríssimo dá a medida de quão sofrível é mantê-los a salvo dos perigos desse mundo em pedaços, no nosso imaginário que não se cansa de imaginar como seria o fim da espécie humana, do quão importante é continuar transmitindo a vida através das próximas gerações não só para sustentar legados culturais e sociais, mas para expor como existe e há em nós o natural movimento de perdurar enquanto houver a possibilidade de nos reproduzirmos.

Se a porca Gunda lamenta a perda de seus filhotes, como acontece ao fim do filme, quando todos eles são levados depois que se desenvolveram até uma certa idade e tamanho, não é só um traço de sua condição maternal no elo da mãe com seus filhotes. Não. Ela, como nós, como qualquer mãe, sofre de muitas maneiras quando se vê diante da perda da prole: sua respiração muda, uma nítida confusão a persegue, quanto mais distante o guinchar dos filhotes mais exasperada ela fica.

É notório que ela está em desespero com aquilo tudo. Todos os momentos anteriores nos mostraram um extremo cuidado dela com cada filhote, inclusive ajudando um pouco mais aquele que parecia um pouco mais atrasado em relação aos seus irmãos. Tudo isso fora roubado em poucos minutos.

A cena final, em que Gunda fica apreensiva e sem saber o que fazer é o momento derradeiro do que aquilo que consideraríamos atroz entre nós humanos, e não à toa desenvolvemos tantas leis e meios de impedir que algo assim ocorra. Sequestrar crianças de suas mães é uma das coisas mais odientas que pode acontecer em muitas partes do mundo em termos sociais, culturais e legais. Daí que tirar seus filhotes é, todos sabemos e não podemos negar sob qualquer circunstância, injusto, cruel, indigno, criminoso, desumano, covarde.

Os filhotes de Gunda são levados numa caixa fechada para o local de abate ou comercialização
Um dos filhotes de Gunda fica curioso com a chegada de um trator

Gunda não tem, como nós teríamos, a menor chance de reavê-los, pois simplesmente ela não tem a quem apelar. Quer dizer, ela apela – como o próprio diretor diz que, naquele momento, em que a equipe de filmagem estava em prantos com aquela situação – para eles ao olhá-los e encará-los. Gunda sabe que algo não está certo, que algo mudou, tomaram seus filhos e as pessoas que a observam viram e testemunharam aquilo.

O olhar que ela lança a eles é o próprio manifesto de um cinema animalista que ainda está por florescer. O diretor também disse que sua intenção era nos fazer filosofar ao ver o filme e pode ser que ele, de fato, consiga, se as pessoas derem uma chance ao filme.

Porque quando estamos diante de um documentário como Safari (2016), de Ulrich Seidl, que exibe a aberração que é a caça de animais selvagens pela perspectiva dos próprios caçadores, percebemos pela ótica humana os efeitos de nossas ações de modo mais, digamos, imediatista, já que podemos nos expressar entre nós de maneira compreensível independente do idioma. Qualquer pessoa em sã consciência pode ver que não há razão para se orgulhar de ter matado uma girafa, que estava vivendo o esplendor de sua vida em companhia de outras girafas, de modo furtivo, a uma distância segura, e sem dar qualquer chance de defesa ao animal. Não era pela sobrevivência essa caçada, como gostam de afirmar alguns, mas é apenas um esporte de pessoas ricas que acreditam que podem tudo.

O que poderia unir esses dois documentários, então, é também a forma de observar (nesse sentido eles se parecem um pouco), a uma certa distância, os animais humanos e não humanos. Mas ao observarmos a nossa própria espécie vemos o quão bizarros nós somos quando estamos no meio de uma caçada. Os tempos em que vemos os caçadores esperando a chance de atirar, no documentário Safari, não é um tempo morto, mas um tempo de morte, de pulsão de morte. Vale resgatar, do nosso segundo episódio do Podcast Saber Animal, a fala de uma das caçadoras entrevistadas no filme do diretor austríaco que separamos quando falamos dele. Reparem em como depois de disparar ela justamente diz se desligar do mundo ao invés de se conectar a ele como nos propicia o diretor russo de Gunda:

“Depois de atirar, no começo, é como… Soltar uma respiração profunda. E olhar ansiosamente para a peça e ver o que faz. Para ver se o tiro foi bom ou não. Então várias emoções afloram. De todos os tipos. Apenas afloram. Ou alegria, quando vimos que o tiro foi bom. Ou ansiedade e dúvida, se o vimos fugindo. Depois de atirar, fico acabada, completamente esgotada. Meus joelhos e mãos tremem. Mal posso segurar meu rifle. Ficamos tão acabados, é terrível. A tensão só vai embora quando encontramos a peça. Quando vejo o animal na mira, mal posso respirar. Eu respiro fundo. Você inspira. Faz de forma consciente para aliviar a pulsação. É algo que se aprende. Continuamos olhando e ficamos calmos. Nos desligamos de tudo ao redor. Não ouvimos nada. Vimos apenas aquilo, e não se ouve nada. Apenas você e a coisa. Quando a peça de repente some, é bastante excitante. Não a enxergamos. Será que caiu, ou fugiu? Esse é um dos fatores que… me agita, me deixa nervoso. Sei como se sente. Ficamos calmos quando vimos que está morto e que o tiro foi limpo. É uma sensação boa, porque para mim é uma prioridade finalizar a peça de forma limpa e que morra o mais rápido possível.

Em suma, quando você observa a vida, você ouve tudo, e quando você deseja a morte, você não ouve nada, resta apenas um grande vazio.

OS NOSSOS OLHOS QUE NÃO VEEM

O documentário Gunda, então, certamente causará estranhamento na maioria da audiência por conta desse seu estilo lento e puramente observador. Não estamos, ou melhor, nosso olhar não está habituado a ver animais como os animais que são (neste caso dentro dos limites que impomos a eles, claro, por serem animais domesticados).

A Disney, por exemplo, ao longo de todo século XX e continuando no XXI, nos apresentou aos animais, dentro de suas animações e filmes ficcionais, da pior forma possível quando éramos crianças e, agora, temos várias gerações que não sabem muito bem o que sentir quando estão diante da obra de o filme de Viktor Kosakovskiy.

Com a estreia do serviço de streaming Disney+ no Brasil vai ser possível analisar melhor essa visão, pois muitos dos seus clássicos estarão disponíveis ao nosso escrutínio. Pode parecer desnecessário ou tolo avaliar isso, mas é justamente percebendo e criticando como o animal não humano nos é apresentado por empresas do entretenimento (em especial as mais poderosas) que talvez poderemos vê-los e considerá-los de outro modo para além do que preconiza, por exemplo, a adaptação do romance Bambi feita pela empresa estadunidense em 1942.

A animação, diga-se, é a campeã em fazer as pessoas chorarem segundo uma pesquisa feita em 2008. O sentimentalismo para com os animais não tem impedido eles de serem assassinados aos trilhões todos os anos. Por que, afinal, choramos com Bambi ou tantas outras histórias sentimentaloides, mas custamos em reparar no sofrimento animal cotidiano. Parece que quando crianças até somos levados a querer bem os animais não humanos, mas depois uma insensibilidade é incutida em nós ao ponto de não importarmos mais com eles, salvo algumas exceções (em especial cães e gatos).

ENTÃO É NATAL…

Gunda, não sei se por acaso, apareceu em momento muito oportuno e espero que fique disponível o quanto antes, pois aqui no Brasil e em muitas partes do mundo comemoramos o Natal (o nascimento de Jesus Cristo) em 25 de dezembro e, com isso, muitos porcos assassinados (adultos e filhotes) estarão nas mesas das pessoas sejam elas cristãs ou não. Além do consumismo desenfreado estimulado na figura do Papai Noel, transformamos essa data num momento ainda mais sofrível para os animais com o aumento do consumo de seus corpos.

Este ano de 2020 foi um ano atípico (fora 2018 que culminou na ascensão da extrema-direita por aqui), pois estamos todos vivenciando uma pandemia que mesmo não sendo a mais mortal, já destruiu 1.6 milhões de vidas (185 mil só no Brasil) num curto intervalo de tempo. A possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus continua à espreita a cada simples saída de casa ou em qualquer interação com outras pessoas. Este vírus, assim como muitos outros, tem total ligação com a exploração animal e é fruto da nossa indiferença e do nosso olhar desprovido de ética para com a questão animal, como já abordamos por aqui.

O diretor, numa entrevista concedida virtualmente a Joaquin Phoenix ao fim do documentário, trata de vários assuntos que giram em torno das filmagens. Mas quando ele fala sobre a reação da porca Gunda quando todos seus filhotes são levados para o abate e como ela olha para a equipe de filmagem por não ter mais a quem apelar, pois eles são os únicos ali, o diretor acredita que ela estava perguntando a eles: “o que diabos vocês (nós humanos) estão fazendo”?

Gunda nos interpela quando seus filhotes são levados e deixa nítido seu desespero

Se Gunda tivesse uma única fala ou um único texto a ser exibido poderia ser justamente esse: “o que diabos vocês estão fazendo?”, pois ele sintetiza perfeitamente a falta de sentido das nossas ações que matam animais e, consequentemente, também nos matam.

🎞️ Cinema: Gunda (2020)
Um filme animalista
10
Extremamente sensível
10
Aborda diferentes espécies
10
Final acachapante
10
Pontos positivos
Uma experiência sensorial
Respeita o tempo e espaço dos animais
Não apela à violência explícita
Pontos negativos
Exige uma outra postura do espectador
Deveria ser gratuito
Ausência de determinados contextos
10