👉 Brasileiros matam mais animais que incêndios na Austrália

A famosa foto de Matthew Abbott mostra um canguru fugindo do incêndio e uma casa em chamas ao fundo
A famosa imagem do fotógrafo Matthew Abbott mostra o terror que os animais e as pessoas enfrentam

As notícias que nos chegam dos incêndios na Austrália são preocupantes. Chama, agora, a atenção o elevado número de pessoas mortas, quase 30, em decorrência desses incêndios que têm ligação direta com o aquecimento global. Porém, não é de hoje que a emergência climática é pauta por lá. Na verdade, este assunto foi um dos principais temas debatidos nas últimas eleições em 2018. O primeiro ministro Scott Morrison é um negacionista e conseguiu convencer a opinião pública de que se comprometeria em diminuir as emissões de gases danosos ao meio ambiente, mas sem afetar a indústria do carvão ou a agropecuária. Ou seja, apenas por magia ele conseguiria resolver essa equação e está mais do que evidente, agora, de que ele não é nem honesto e nem mágico.

No que se refere aos fazendeiros, a Austrália tem uma das maiores criações de bois do mundo! E o que isso nos sugere? Ora, há muito pasto por lá e onde há pasto, há desmatamento. As altas temperaturas que assolam a Austrália não são resultado apenas da ação de outros países que com suas intensas atividades industriais fazem o clima do planeta subir, eles, os australianos, também têm sua cota no caos climático que estamos vivendo neste instante e que apenas se agravará no futuro próximo. Desmatamentos fazem a umidade cair e também contribuem para a redução da população de animais selvagens, como é o caso do coala, considerado animal símbolo do país. Uma rápida visita ao país via Google Maps evidenciará que a vegetação nativa foi sensivelmente reduzida. Mas até nós brasileiros, ajudamos com esse caos na Oceania, e não foi apenas furando filas, a Vale, empresa brasileira, há não muito tempo, vejam só, era dona de uma mina de carvão na Austrália.

Os povos originários, a flora e a fauna, como em muitos lugares do mundo, são especiais. Determinadas espécies de animais e plantas, por exemplo, só existem na Oceania e se desaparecerem jamais poderão ser vistas em outro lugar novamente de forma natural… O maior coral de recifes do mundo também fica no continente e ele está degradado por conta da elevação da temperatura da água – outro efeito da ação humana no século XX. Os aborígenes (nomenclatura dada no período colonial pelos europeus aos povos originários), por serem animistas, tinham animais sagrados que evitavam caçar e comer. Havia equilíbrio, apesar da presença humana com estilo caçador-coletor. Mas aquilo que outrora fora também uma colônia penal da Inglaterra no século XVIII, deu um jeito de transformar tudo em mercadoria.

Mesmo assim, com um continente em chamas, e apesar do apelo de muitos australianos para evitar gastos com festas ante a ajuda que muitos precisavam (e precisam), as celebrações da virada do ano de 2019 para 2020, em Sidney, muito famosa pela queima de fogos ser uma das primeiras a marcar a virada do ano no mundo, não foi cancelada.

Tem sido muito comum a comparação entre os incêndios na Amazônia (que tiveram recorde em 2019, não por coincidência o primeiro ano de um governo de extrema-direita) com o que se passa na Austrália. Os especialistas dizem que a comparação deve ser evitada devido a diferença na vegetação e na origem dos incêndios: aqui, no Brasil, eles se deram pela ação humana  (criminosa) e por lá as causas tendem a ser naturais (raios que são mais numerosos conforme o aumento da temperatura) ou acidentais (acampamentos, churrascos, bitucas ou queimadas propositais de contenção que saem do controle). A comparação, em si, não é um problema, afinal envolve estimar o que se perde lá e cá. Ela só é um problema agora por estar no contexto em que negacionistas da emergência climática são governantes em ambos os países. Tanto o presidente brasileiro como o primeiro ministro australiano desqualificam cientistas e pesquisas com dados sérios e robustos que indicam os efeitos da ação do homem sobre o planeta. Ambos são agentes do caos e dão de ombros para o que está ocorrendo, porque, de algum modo, isso até pode ser positivo para a economia: no nosso país, quanto mais desmatamento, mais área para plantio de monoculturas e pasto. Vale algo parecido para a Austrália, mas lá a situação chegou em um nível jamais visto. Literalmente brincamos com o fogo nas últimas eleições e agora vemos o resultado.

Mesmo a economia australiana sendo poderosíssima, com uma população bem educada e que ostenta indicadores sociais muito bons (eles estão em 6ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano), ela não é capaz de trazer soluções para a situação que agora enfrenta – e já se anunciava há tempos. Eles estão sendo, provavelmente, a primeira nação a enfrentar uma condição tão extrema em termos climáticos. Diversas regiões da Austrália ardem sem que nada possa ser feito, exceto esperar as coisas se acalmarem naturalmente. As altas temperaturas (em algumas regiões chegando a mais de 40ºC) e o tempo seco continuarão pelos próximos meses. Toda a tecnologia desenvolvida até hoje está se mostrando inútil e frágil. Se nem a Califórnia, reduto de quase todas as soluções tecnológicas que usamos hoje, é capaz de conter suas próprias queimadas, a crença numa saída inventiva aqui também está apenas no reino da imaginação.

A riqueza será um amortecedor, porém não uma salvaguarda, como a Austrália já está descobrindo: de longe o país mais rico de todos que estão enfrentando mais intensa e imediatamente o fogo cerrado do aquecimento global, é um primeiro teste de como as sociedades afluentes do mundo vão se adaptar, ceder ou se reerguer ante a pressão das mudanças de temperatura que devem atingir o resto do mundo próspero só mais para o final deste século. O país foi fundado na indiferença genocida à paisagem nativa e aos que nela habitavam, e suas ambições modernas sempre foram incertas: a Austrália é hoje uma sociedade de expansiva abundância, engenhosamente erguida sobre uma terra árida e ecologicamente implacável. Em 2011, uma única onda de calor produziu morte florestal significativa e branqueamento dos corais, morte da vida vegetal, colapsos nas populações de aves locais e picos dramáticos na quantidade de determinados insetos, bem como transformações em ecossistemas tanto marinhos como terrestres. Enquanto uma taxa de carbono vigorou no país, as emissões caíram; quando a taxa foi revogada, por pressão política, voltaram a subir. Em 2018, o Parlamento declarou o aquecimento global como um “risco atual e existencial à segurança do país”. Meses depois, o primeiro-ministro ecologicamente consciente foi forçado a renunciar, pela vergonha de tentar honrar os acordos de Paris. [A terra inabitável, de David Wallace-Wells.]

A pesquisadora especializada em climas extremos, a Dra. Sarah Perkins-Kirkpatrick, da UNSW Sidney, diz no Podcast The Science Hour que devemos basicamente nos adaptar no curto prazo aos recorrentes incêndios e, no longo prazo, reduzir as emissões de gases de várias formas possíveis… Ora, este é um posicionamento, no mínimo, conformista. Por mais que a Austrália tenha um clima favorável aos incêndios há muito tempo e os cidadãos australianos estejam acostumados com eles (não deveriam!), é possível, sim, fazer muita coisa, a começar pelo reflorestamento, pela interrupção total da exploração animal, por uma sensível mudança no estilo de vida e por um outro sistema educacional que esteja calcado na cidadania e na ética e não em liderança e desempenho. Não queremos que os fazendeiros tenham o mesmo destino que os animais e da fauna, não!, pois isso também não é uma solução. Transformar a realidade é plenamente possível, mesmo diante do peso da tradição de décadas de atividades exploratórias.

No vídeo abaixo é possível ver atividades governamentais de desmatamento, no final da década de 50, que criaram assentamentos para que veteranos da 2ª Guerra Mundial tivessem a agricultura e a agropecuária como uma forma de recompensa pelos serviços prestados. Notadamente os métodos eram altamente destrutivos.

Agora, ante este cenário desolador que temos diante de nós, veja como soa absurda a ideia do filósofo Roger Scruton, que acredita que são os voluntários quem poderão determinar os rumos das questões ambientais apenas com um comportamento… voluntarioso. Ora, colocar o socialismo como um problema e não o capitalismo (dominante globalmente desde 1989) nos dias de hoje é algo que beira o ridículo. Notadamente, na Austrália, vemos que são muitos (talvez a maioria) os bombeiros voluntários que tentam apagar as chamas. Eles não dão conta! Arriscam suas vidas não por conta do socialismo, mas por conta do modo de vida capitalista que devastou tudo antes do fogo! E uma coisa é você voluntariamente limpar um parquinho sujo, outra é enfrentar fumaça e labaredas mortais. O que Scruton (que coincidentemente faleceu no dia exato da publicação deste artigo) tinha na cabeça?

Sempre que projetos socialistas e soluções estatistas tomam o lugar das iniciativas cívicas, como ocorreu no império soviético, testemunhamos a imediata negligência em relação ao patrimônio público e a consequente erosão dos bens comuns. Onde quer que o espírito voluntário permaneça forte, como ainda ocorre nos Estados Unidos, na Suíça e na Austrália, as pessoas assumem o controle de seus problemas ambientais e se reúnem para limpar parques e vias públicas, cercar rios ou até mesmo estabelecer um mercado para a venda de alimentos regionais. [Filosofia Verde, de Roger Scruton.]

A economia australiana se tornou o que é hoje graças às exportações de comódites. O preço a pagar por isso está vindo agora e da pior maneira possível – principalmente para os animais. Se hoje a maior parte do PIB da Austrália não tem mais relação direta com a exploração animal, tem indiretamente, e aquilo que vemos como força, hoje, tem lastro num violento processo colonial e que após a independência do país continuou com uma série de problemas, como políticas nitidamente racistas.

Quando Paul Crutzen, laureado com o Nobel de Química por ter sido um dos que descobriu as razões para o buraco na camada de ozônio que estávamos criando, bolou o termo antropoceno para especificar a era que vivemos, ele tinha em mente os seguintes pontos listados no livro A sexta extinção: uma história não natural, de Elizabeth Kolbert:

  • A atividade humana transformou algo entre um terço e a metade da superfície terrestre do planeta.
  • A maior parte dos principais rios foi represada ou desviada.
  • As fábricas de fertilizantes produzem mais nitrogênio do que é gerado naturalmente por todos os ecossistemas terrestres.
  • A atividade pesqueira retira mais de um terço da produção primária das águas litorâneas dos oceanos.
  • Os seres humanos utilizam mais da metade do escoamento de água doce de fácil acesso.
  • Os seres humanos alteraram a composição da atmosfera.

O grau de interferência das nossas ações na natureza é tão severo (eufemisticamente chamamos de “domínio”, mas vemos que não temos esse domínio em catástrofes) que alguma consequência haveríamos de sofrer. Mas além de tornarmos as nossas vidas piores poluindo terra, ar e mar, destruímos quase ou por completo a vida de incontáveis animais. Uma estimativa recente, do professor Chris Dickman, especialista em biodiversidade da Universidade de Sidney e autor de um estudo sobre os impactos para a fauna do intenso desmatamento na Austrália, indicou a perda de 500 milhões de animais na Austrália. Depois ele sentiu a necessidade de atualizar a estimativa para mais de 1 bilhão de animais, pois os incêndios não pararam. E nessas contas, todas elas impossíveis de serem precisas, e por isso mesmo apresentarem sempre números conservadores, não estão inclusos os insetos, os animais muito pequenos e os animais criados para se tornarem mercadoria (bois, ovelhas, cavalos etc). Só podemos imaginar o inimaginável.

Os animais selvagens morrem em decorrência direta do fogo e os poucos que sobrevivem morrem depois por não conseguirem encontrar alimentos, sem falar nos animais jovens, que ao se tornarem órfãos perdem o precioso cuidado que os pais que lhe ensinariam até a vida independente. É uma situação para a qual eles não conseguiram e não conseguirão se adaptar. Os animais explorados para criação, que seriam mortos para consumo, também morreram antecipadamente, mas estes foram impossibilitados de fugir por estarem entre cercas que delimitam as vastas propriedades que, há não muito tempo, já foram florestas cheias de vida e diversidade. Eis o nosso legado: uma terra arrasada cheia de corpos carbonizados e asfixiados.

Veja fotos dos incêndios na Austrália no site The Atlantic aqui e aqui (em inglês).

Da minha parte, não me recordo de ter visto uma estimativa para os animais mortos nos incêndios na floresta amazônica ou no cerrado, na verdade, pouca ou nenhuma atenção se deu a eles. Não deve ter sido nada distante, porque temos uma considerável biodiversidade nesses dois grandes biomas. A diferença de cobertura da imprensa brasileira e australiana, vale dizer, se dá pelo fato dos incêndios na Austrália estarem “acessíveis” e próximos de áreas urbanas. No caso da floresta amazônica brasileira, chegar até ela é um desafio por si só em condições normais e as empresas jornalísticas e seus profissionais ficam, basicamente, concentradas no eixo Rio-São Paulo. Os incêndios criminosos no Brasil entraram para o debate internacional mesmo sem terem todo esse suporte midiático (imagético em boa medida): o material produzido por aqui teve como fonte, basicamente, os dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que são confiáveis, apesar de desacreditados pelo governo de Jair Bolsonaro. Ricardo Salles, um dos agentes do caos desse governo à frente do Ministério do Meio Ambiente, fez inúmeros esforços no sentido de atenuar a situação e, diferentemente da inação do governo australiano, agiu ativamente para reforçar as narrativas mentirosas e deteriorar a relação do Brasil com países que forneciam apoio financeiro para projetos de preservação das florestas. ONGs foram acusadas, sem provas, como responsáveis pelos incêndios e sobrou até para o Leonardo DiCaprio.

Ao tentar refletir sobre a cobertura jornalística realizada por jornais brasileiros acerca das queimadas na Amazônia observou-se uma preocupação em indicar a localização dos focos de incêndios e noticiar seu início com o “dia do fogo” no Pará. Também relacionou o aumento da ocorrência de desmatamento e de queimadas com a política adotada pelo governo Bolsonaro, que: diminuiu o investimento na fiscalização e na prevenção de desmatamento e de queimadas, questionou os dados apresentados pelo INPE, acusou as ONGs pelas queimadas realizadas em agosto desse ano e minimizou a importância de acordos internacionais para a preservação da floresta. A imprensa brasileira destacou, ainda, a repercussão do avanço das queimadas na Internet e no cenário internacional. [O que o jornalismo brasileiro noticiou sobre as queimadas na Amazônia?, por Silvia Meirelles]

Por outro lado, dada a ciência e a economia avançada que ensinamos no nosso sistema educacional superior nos mais diversos cursos que atendem diretamente aos interesses do agronegócio ou do mercado financeiro, temos a exata noção, em números oficiais do Ministério da Agricultura, de quantos animais foram abatidos pelo agronegócio para se tornarem as mais diversas mercadorias. Os brasileiros mataram, com fins puramente econômicos, em 2019, 5.057.682.084 bilhões de animais (aves, avestruzes, bovinos, bubalinos, caprinos, equídeos, leporídeos, ovinos, ranídeos e suínos). Nesta conta não entram animais abatidos ilegalmente, os animais marinhos, as vítimas do tráfico de animais silvestres e toda sorte de morte que envolva animais em rituais religiosos (sem exceções), esportes ou acidentes naturais ou não (atropelamento em estradas, por exemplo). O número, portanto, é bem maior que o oficial, que envolve apenas os animais escravizados pela pecuária. E, mesmo esse dado sendo público e notório, não há comoção social alguma. Zero… Na verdade há muita contrariedade e o presidente Jair Bolsonaro sugere, em seus estapafúrdios comentários, que façamos uso de terras indígenas para aumentar a matança e, com isso, reduzir o preço dos pedaços dos animais mortos que vão parar no prato da maioria dos brasileiros, pois recentemente houve um grande aumento no custo da carne de boi dada a elevação da demanda de outros países. As sociedades que exploram e consomem os animais contribuem diretamente para o aquecimento global.

Além de influenciarmos diretamente nas mortes em território nacional, nossa obsessão por produtos com origem animal também contribui no aumento das temperaturas do mundo todo! Criamos montantes absurdos de poluição nos detritos de toda cadeia industrial e logística. Usamos boa parte da água potável em processos de produção de alimentos caros e cancerígenos. As emissões de gases pelos animais e o desmatamento estão entre as principais causas do aquecimento global!

Por ser outro grande produtor da chamada proteína animal, a Austrália também deve ostentar números grandiosos se buscássemos contabilizar esses indivíduos mortos, que agora se somam aos animais selvagens vitimados pelos incêndios. Estes, contudo, não representavam lucro algum. Sua perda, em alguns casos, é até bem vinda! O canguru, animal símbolo do país, é considerado também uma “praga”. Ele é caçado de modo cruel com estímulo do governo: caçadores legalizados abatem machos com tiros de fuzil. Os animais não tem a menor chance… As imagens desses animais sendo resgatados das chamas contrastam com uma cotidiana matança. Santuários e hospitais veterinários que agora recebem vítimas dos incêndios com graves queimaduras, também tratam animais sequelados (tiros não fatais) de caçadas frustradas. É possível, percorrendo as geladeiras de supermercados australianos, que atrasam a putrefação natural de corpos mortos, encontrar hambúrgueres de canguru e outros produtos feitos a partir do animal símbolo da nação.

Ouça abaixo o episódio #000 do Podcast Saber Animal no qual tratamos da matança de cangurus na Austrália:

Os enormes incêndios na Austrália dispararam não só a elevação de CO² na atmosfera que antes ficavam retidos nas árvores e na vegetação que arde até o momento em que escrevo este texto: o número de coalas mortos chegou a 2/3 da população em algumas localidades. Daí que os australianos não têm apenas bons escores sociais para exibir: o país concentra 50% das espécies de mamíferos extintos no últimos 200 anos. Ou seja, um país pode ser bom para os humanos e acolhê-los de modo que seu tempo de vida ultrapasse, com segurança, os 80 anos, mas não necessariamente trata com dignidade as outras espécies que lá habitam antes de qualquer homo sapiens dar as caras com seus novos modos que excederam, em muito, a capacidade do planeta absorver nossas transformações sociais e saciar nossa curiosidade praticamente infinita.

E não é que surgem, a partir dessa confusão toda que embotou o início de uma nova década, pedidos e mais pedidos para que, em especial, a jovem ativista Greta Thunberg se manifestasse da mesma forma como se manifestou nos incêndios promovidos no infame “dia do fogo”? Ela se manifestou, a seu tempo e a seu modo, mas, aparentemente, é uma criança quem deve resolver os problemas criados por adultos. Tudo bem que muitos desses pedidos raivosos em forma de ataques pessoais partem de voluntários (olha aí os voluntários do Roger Scruton!) e robôs orquestrados pela extrema-direita brasileira e de outros países, mas não deixa de ser sintomático que uma ativista que pede mudanças globais seja cobrada por situações nacionais e pontuais. Os pedidos de Greta abrangem mudanças que afetem o aquecimento global. Talvez seja essa o problema: negacionistas e terraplanistas não entendem o conceito de aquecimento global.

Chega a ser até um pouco irônico, diante dessa situação catastrófica enfrentada na Austrália, que logo um australiano tenha criado o termo solastalgia, que é o estresse e a desorientação que uma pessoa sente diante das emergências climáticas. E pode ser que tenha demorado um pouco, dado o conforto no qual os australianos vivem e no fato da situação afetar a também a população humana e não só os animais, mas protestos estão acontecendo neste instante e, quiçá, tendem a crescer. Não deve haver nem chance e nem vez para governos negacionistas e a sociedade precisa urgentemente entender que a exploração animal, além de não ser ética, é extremamente danosa para todos nós e das mais variadas formas possíveis. Que nessas manifestações surjam lideranças capazes de nos inspirar e nos levar a uma grande virada de paradigma.

Texto atualizado em 13 e 14/1/2020.