🗞️ Os bichos no desfile de Stella McCartney em Paris

Foto de Anne-Christine Poujoulat

A super grife de luxo de Stella McCartney, segundo ela própria, é a única no mundo todo que não explora animais desde a sua abertura em 2001. Daí que a filha de Sir Paul McCartney (ex-Beatles e um célebre vegetariano), surpreendeu ao levar no último desfile de Paris uma espécie de protesto bem humorado: modelos na passarela vestiam fantasias de animais tipicamente explorados pela indústria têxtil. Coelho, raposa, vaca e tantos outros apareciam entre os modelos com as roupas desenhadas e pensadas pela estilista.

A indústria da moda, como todos deveríamos saber, é uma das mais brutais com os animais: quando não usam o couro advindo do abate para consumo, lhes arrancam as peles ou penas para produzir sapatos, bolsas, vestidos e todo tipo de item que possa vir a cobrir uma pessoa.

Essa cadeia produtiva (complexa, bilionária e exploradora de animais não humanos e pessoas vulneráveis) também ostenta o título de a segunda mais poluidora do planeta. Sua face mais vistosa não é o mercado de luxo, apesar de influenciado por ele, é a fast fashion: roupas de consumo fugaz, que perdem a atratividade em poucos dias, mas enchem as deprimentes gôndolas de empresas como Zara ou Forever 21 para delírio, igualmente fugaz, de jovens, jovens adultos, marmanjos e idosos que as descartam sem hesitar, gerando ainda mais problemas ambientais.

Ah, e não nos esqueçamos do trabalho escravo dos quais muitas delas são frequentemente acusadas!

A maioria das pessoas, provavelmente, não entendeu a presença dos animais ali representados e, não à toa, foi preciso explicar. Quando vimos o desfile, e já sabendo do histórico da família McCartney, imaginamos de imediato que se tratava de um protesto feito num dos lugares mais badalados da Terra. Nas primeira fileiras se sentam profissionais do ramo e também centenas de celebridades (algumas de Hollywood). O que pode parecer tolo, num primeiro momento, na verdade é uma grande chance de fazer com que a difícil tarefa de conscientizar as pessoas do sofrimento animal e os danos ao meio ambiente cheguem a mais e mais gente, mesmo que por uma via que parece atenuar os problemas ao invés de encará-los de frente. Stella entende que essa foi a melhor forma de apontar para os males das ações da indústria e de seus pares modistas.

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Daqui, do Brasil, já podemos ver o resultado: o feito deu até na Capricho, uma antiga publicação voltada para jovens adolescentes que, conforme o senso comum, pouco interesse têm nos problemas dos adultos. Bom, se os editores do site acharam que o assunto era pertinente, é porque ele era mesmo, afinal eles conhecem o seu público e talvez saibam que eles anseiam por mudanças, mesmo que entre uma música dos Beatles, opa, quer dizer BTS e outra…