Na primeira década do século XX (1919), a Prefeitura Municipal de São Paulo já dispunha de serviço de remoção de animais de grande porte (jumentos, burros, cavalos e bois), e embora o veículo fosse tracionado por dois animais, prática muito comum naquela época, tal serviço destinava-se a prestar imediata assistência aos animais dessas espécies que eram feridos nas vias públicas da cidade em decorrência de acidentes de trânsito, desastres e maus-tratos.
O serviço de remoção de animais pela Prefeitura era acionado pela população e acompanhado por um agente fiscal da primeira entidade protetora dos animais chamada UIPA – União Internacional Protetora dos Animais.
À época, a entidade protetora dos animais, UIPA, orientava a população sobre como proceder em todos os casos quando os animais necessitavam de socorro e auxílio.
Em casos de desastres ou maus-tratos em vias públicas, a população deveria tomar as seguintes providências e em seguida comunicar à entidade.
Animais feridos ou mortos: o cidadão que presenciasse, deveria tomar notas precisas do lugar, horário, número do veículo envolvido e dados de possíveis testemunhas, comunicando à entidade protetora.
Animais com membros fraturados: a orientação era, para aquele que presenciasse, ligar para o telefone da prefeitura ou central da cidade que consistia em três dígitos e solicitar a “ambulância de animais”.
Em casos de maus-tratos infligidos por particulares em suas residências, havia orientação para que fossem comunicadas todas as informações do fato à referida entidade protetora.
Embora o serviço de remoção de animais também chamado de “ambulância de animais” estivesse voltado para os animais de grande porte, as orientações sobre como proceder em casos de maus-tratos também se aplicavam aos animais de outras espécies.
Para todos os casos também havia a orientação de que, sendo caso de maior urgência, o primeiro procedimento a ser adotado era o de solicitar providência ao primeiro guarda policial ou fiscal municipal que fosse encontrado porque eles se encarregariam de chamar a ambulância / serviço de remoção da prefeitura, bem como prender o infrator e conduzi-lo à delegacia.
E, conta-se, foi assim que diminuíram os casos chocantes de animais sofrendo nas vias públicas da cidade.
Nessa época ainda não existiam políticas públicas, mas ao que parece, as pessoas envolvidas que manifestavam consideração e compaixão pelos animais se empenhavam nessa tarefa protetiva, o que acabava gerando resultados quando cada um cumpria a sua parte, pois não é a simples oferta de um serviço público que traz mudanças sociais, mas sim o exercício da cidadania.