Terça-feira, sol na constelação de gêmeos: hoje é um dia bastante propício para a gente falar de amor. Todo dia é dia de exercitarmos o amor, o “amar ao próximo como a ti mesmo”. Em alguns aspectos somos todos aprendizes na arte de amar. Ou melhor, de permitir que o amor preencha por completo a nossa existência, de receber o amor, ancorar e compartilhar esse amor.
Dia desses eu soube que a nossa bandeira (nos últimos anos usada como símbolo de um pensamento patriótico distorcido, despertando indignações de um lado e afirmações tolas de outro, bem longe de um sentimento de amor pela terra em que nascemos ou pisamos) também foi adulterada, digamos assim.
A frase original de Auguste Comte, na qual a bandeira do Brasil foi inspirada, diz: “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Não é apenas ordem e progresso. É amor, ordem e progresso.
Não pode haver ordem e progresso sem amor. É o amor que sustenta, que dá a base para a ordem se instalar e o progresso se desenvolver. Sem amor não há ordem e tampouco progresso, olhemos para a História do Brasil! E registrou-se a falta de amor, inclusive na bandeira da República.
É tempo de recobrarmos a consciência do amor, do verdadeiro amor. Tempo de sentir o amor para praticar o amor. O amor à terra que pisamos, à terra que nos acolhe, à terra onde brota o nosso alimento, à terra onde nascemos, onde vivemos ou nos desenvolvemos, onde compartilhamos a nossa vida com os outros seres que amamos e também com aqueles que ainda não amamos.
Tratamos a terra com desamor, tratamos a natureza como acessório descartável, invertemos e distorcemos o real sentido de amor à pátria, amor à terra, amor aos próximos, amor à todos os seres vivos, amor à vida, amor à natureza sem igual do nosso país. Os desafios atuais indicam que é hora de resgatarmos o amor, talvez nunca tenha sido tão emergente a prática do amor.
Em 2003, o então deputado federal Chico Alencar, hoje vereador do Rio de Janeiro, propôs um projeto de lei para substituir a atual expressão “ordem e progresso” constante da bandeira do Brasil para o seu sentido original “amor, ordem e progresso”, mas acabou sendo arquivado em 2017.
Também há um movimento de pessoas que formulou uma petição pública pedindo o resgate da palavra amor nos dizeres da nossa bandeira, que representaria o resgate do amor no e pelo Brasil, através de um projeto de lei de iniciativa popular. Clique aqui para informações sobre o Movimento Amor, Ordem e Progresso.
Compartilho esse assunto aqui no Saber Animal porque concordo com essa posição sobre a importância das palavras, especialmente quando inscritas na bandeira de uma nação, é inegável a potência que os símbolos representam ante o inconsciente coletivo e penso que essa alteração seria bastante positiva. Aqui está outro link do Movimento Amor na Bandeira, onde você também pode se engajar nessa causa.
Saiba mais: O ABOLICIONISMO ANIMALISTA TEM PARTIDO E É DE ESQUERDA, por Vanice Cestari
Para mim tem se tornado mais perceptível a era de transformações que estamos vivendo (seja a nível regional, nacional ou planetário) especialmente quando observamos a natureza dando os seus recados à humanidade ou a costumeira ânsia das classes políticas pelo poder (o poder distorcido, o poder que aprofunda desigualdades e injustiças sociais, não o poder real libertador). Já no nível individual, cada um de nós pode observar as mudanças a partir da própria existência, onde o coletivo interfere no indivíduo e vice-versa, afinal, vida é movimento.
Sempre há uma resposta correspondente à nossa ação ou inação e então entra essa história do amor subtraído da bandeira…
O sentido original da frase de Auguste Comte traz a força do amor como início de tudo sem o qual absolutamente nada pode prosperar. Amor que, uma vez inscrito na bandeira do nosso país tão necessitado de amor verdadeiro, amor real, genuíno, amor que tolera, amor que não agride, que não violenta, que não desrespeita ninguém. Amor que acolhe cada ser que vive e respira nesta terra. “Brasil de amor eterno seja símbolo!”
Talvez seja fundamental inserir o amor na bandeira do Brasil para ajudar a despertar o amor nos corações daqueles que pisam e vivem em território brasileiro, amor entre os povos, entre governantes e governados, ou seja, entre todos que se permitirem a experiência do amor horizontal, possibilitando o surgimento da ordem e do progresso. A mensagem de amor que se insere no inconsciente coletivo para emergir no consciente de uma sociedade fraterna.
Plantada a semente, busquemos cumprir a parcela que nos cabe para que o amor germine e floresça no Brasil. E assim, frutos desse amor naturalmente surgirão podendo então, finalmente, sustentar ordem e progresso. Que assim seja e que Deus nos auxilie nessa jornada. Não um Deus tirânico que está “acima de todos”, mas o Deus real, o único, o Deus-Amor.