💚 Sobre o Veganismo

A palavra "vegan" escrita com flores e plantas em uma calçada de cimento
Foto de Helen Alfvegren

A verdade sobre a vida e a morte dos animais nas sociedades humanas ditas civilizadas, os destinos que traçamos a eles, são fatos que geralmente não nos dispomos à profunda atenção por conta própria, a menos que em algum momento sintamos um sentimento de compaixão e então a injustiça que praticamos contra os animais não humanos comece a emergir em nossa consciência, daí a importância de estarmos perceptivos à essas maravilhosas sensações em nosso cotidiano.

Quando alimentamos bons sentimentos, eles reverberam e naturalmente nos vem mais sentimentos e pensamentos harmoniosos. O contrário também acontece, ou seja, se sentimos raiva, irritação e até mesmo ódio, mais reverberações dessas categorias nos encontrarão. Em decorrência disto, como temos nos tratado? E o que estamos emitindo ou despejando no mundo? O que temos adicionado a este mundo através de nossa existência? A libertação dos animais não humanos depende da libertação humana, pois não é este o objetivo do veganismo em uma visão macro?

Se quisermos um mundo de paz para os animais e para todos ao nosso redor, devemos ser a própria manifestação da paz através de nossos sentimentos, pensamentos e ações, simplesmente procurando viver nessa atmosfera, vivenciando a paz nos pequenos detalhes do nosso dia, praticando a paz, até que ela prevaleça em nós e se estenda naturalmente aos demais.

Não existe um veganismo viável que liberte os animais e que jogue os seres humanos que os exploram, consciente ou inconscientemente, na zona do esquecimento, da vingança, do cárcere, do ódio. Jamais haverá libertação alguma se permanecermos excluindo seres humanos que ainda não despertaram para o fato de que a vida e a integridade dos animais não humanos também é preciosa, assim como as nossas. Toda vida é preciosa e tem valor por si só.

Não existem seres humanos essencialmente perversos, mas com diferentes níveis de consciência, o que difere de uma maldade inata como muitos acreditam. A natureza humana não é egoísta, é altruísta e isso podemos observar quando nos conectamos com a pureza do coração. Para os mais incrédulos, indico o documentário The Altruism Revolution (2015) que trabalha bem essas questões, onde podemos acompanhar experimentos realizados com crianças de diferentes idades acerca da propensão humana à cooperação com os próximos, ou seja, às naturais manifestações de amor.

Trailer do filme A Revolução Altruísta, dirigido por Sylvie Gilman e Thierry de Lestrade

Muitos são os motivos que podem nos levar ao respeito ao próximo, à toda vida que existe, mas para qualquer ativismo, não há argumento mais potente que possa superar o sentir do nosso coração, o que fatalmente implicará na abstenção, tanto quanto possível, de nossa participação nas mais diversas formas de violência, exploração e opressão que dirigimos uns contra os outros.

Nesse processo de gradativa conscientização, também podemos nos deparar com alguma mensagem que nos toca e assim vamos nos inspirando em pessoas e em circunstâncias da vida, se assim permitirmos, dando menos importância ao que aparentemente nos separa, o que pode acabar por permitir a desestruturação de nossas certezas absolutas acerca de crenças, costumes, tradições e até práticas culturais ou familiares mais arraigadas que não representam verdadeiramente aquilo que somos, mas que mesmo assim perpetuamos em nosso cotidiano de modo inconsciente. Tudo isso pode ser bem simples, pois todo processo evolutivo demanda uma predisposição consciente que parte de um desejo sincero do coração.

O carnismo é o sistema de crenças que nos condiciona a comer certos animais. Muitas vezes definimos as pessoas que comem carne como carnívoras. Mas, carnívoros são, por definição, animais que dependem da carne para sobreviver. (…). Em grande parte do mundo de hoje as pessoas comem carne não porque precisem, mas porque optaram por comê-la, e as opções derivam sempre das crenças. (Por Que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas, por Melanie Joy).

Nossas crenças, hobbies, hábitos e padrões podem refletir a repetição de crenças, hobbies, hábitos e padrões de nossos pais ou responsáveis desde muito cedo, os quais também os repetem de nossos antepassados e assim sucessivamente, para trás e para frente, dentre outros repetecos e fatores extrafamiliares. Logo, com a alimentação e outras questões relacionadas à exploração dos animais não seria diferente… Somos seres complexos e é assim com a nossa família e com a família dos “outros”, ricos e pobres, brancos e pretos, nacionais e estrangeiros etc, logo, por uma questão de justiça e compaixão, não necessitamos paralisar em sentimentos de culpa por ainda estarmos (alguns mais, outros menos) inconscientes, o que não significa a isenção de responsabilidades.

Com a consciência mais expandida de que somos todos seres compartilhando da vida no âmbito familiar e social, nos bairros e cidades… no planeta, podemos nos sentir, enquanto seres humanos, como corresponsáveis pela transformação que agora imprimimos no mundo presente através de nossas atuais escolhas individuais, partindo de um patamar mais elevado de compreensão, de compaixão, ética, justiça e verdade.

Não é com a crítica pessoalizada-excludente que promovemos mudanças no mundo, pois só podemos transformar a nós mesmos e eis o maior dos desafios. Já o nosso trabalho no mundo externo pode ser o de conscientizar outros seres humanos até aonde nos é permitido conforme o nível consciencial de cada um. Como ativistas de um mundo melhor, o nosso trabalho questionador pode ser mais promissor se o fizermos a partir da indignação do coração que não aceita qualquer ordem de injustiças. O nosso trabalho ou servir pode ser mais leve e ao mesmo tempo mais profundo, como espalhar sementes que certamente frutificarão em solos férteis e se multiplicarão sem maiores esforços porque a natureza dos seres sabe bem fazer o resto.

Podemos usar da nossa criatividade e nossos talentos para convencer e sensibilizar pessoas sobre a secular e completa opressão dos animais na sociedade e no amplo sentido da justiça, sem excluir seres humanos, mas também sem preservar ou privilegiar grupos sociais com os quais nos identificamos ou trocamos afeto na tentativa de isentá-los de justas críticas, do contrário estaremos incidindo, em ambos os casos, em exclusões discriminatórias.

A cura dos males do mundo que inclui a libertação dos animais da opressão humana não está na rejeição, separação ou exclusão de outros seres humanos através de nosso julgamento, pois a restauração do propósito original dos seres vivos só pode vir do amor. 

Fred Rogers, que também era vegetariano, foi uma importante referência na televisão estadunidense, onde acolhia e ensinava a todos sobre o amor incondicional através de seu exemplo. O filme biográfico intitulado A Beautiful Day in the Neighborhood (2019), mostra a inovação de seu trabalho como apresentador de programa infantil simplesmente pela genuína demonstração de seu amor ao tocar o coração de cada ser humano para que compreendesse o quão especial era tão somente por existir. 

Trailer do filme biográfico de Fred Rogers, dirigido por Marielle Heller e interpretado por Tom Hanks, baseado em seu programa de tv Mister Rogers ‘Neighbourhood

Levamos aos outros a compaixão pelos animais sentindo e praticando a compaixão (o mesmo para pessoas humanas) e essa é uma das transformações mais profundas que podemos fazer por nós e pelos demais. Quando nos levantamos para defender os animais não humanos das injustiças e crueldades humanas também devemos incluir esses mesmos seres humanos em nosso olhar compassivo, uma vez que não existe libertação sem inclusão.

Essa sociedade egocêntrica e individualista que separa pessoas em classes, cor da pele, religiões, nacionalidades e outras formas de segregação está em declínio, desde que façamos a nossa parte, levando abaixo todas as barreiras que colocamos entre nós, a natureza e os seres de outras espécies. A questão é: quantos de nós seguiremos por esse fluxo de compaixão, inclusão, corresponsabilidade e unidade e quantos ainda resistirão à própria natureza do nosso ser?

A DOR ALHEIA TAMBÉM É A NOSSA DOR

Em geral, quem nasceu até a década de 1990 do século passado para trás foi criado em uma relação ambígua com os animais e ainda hoje esse mesmo padrão é seguido por muitas pessoas que, imersas em uma cultura exageradamente consumista e um tanto desconectada com o próprio corpo no que concerne à falta de cultivo de hábitos saudáveis, quase nada foi ensinado quanto ao respeito à natureza (que também passa pelo respeito ao nosso próprio corpo) e aos outros seres do reino animal. Todos os seres vivos possuem conexão com o mundo natural, essa natureza que não está somente “lá fora” e apartada de nós.

Sem pretensão de tratar sobre as diversas formas de exploração animal, as quais o veganismo enfrenta, abordarei bem brevemente, mais abaixo, sobre a escravização de vacas e galinhas como forma de introduzir uma reflexão prévia que possa abrir espaço para outros aspectos mais sutis que não são compreendidos no plano mental, me aproximando mais do propósito que me trouxe a essa escrita. Especialmente neste caso, mais interessante que o escrever é o sentir, então que eu possa ser instrumento para que você me leia sentindo.

Importante diferenciarmos que não é a forma de uso, mas o uso de vidas alheias que não podem escolher, não podem consentir, não podem oferecer resistência. O veganismo abolicionista questiona e por isso se opõe ao uso de todos os animais, independentemente da espécie, de todas as fêmeas que geram outras vidas mediante abuso, tortura, violência em um ciclo ininterrupto de dores físicas e psíquicas até a exaustão de suas vidas que são marcadas pela falta de compaixão de seres humanos inconscientes, entorpecidos com prazeres efêmeros, iludidos com falsos poderes advindos de uma ambição sem ética, sem limites.

Se nenhum animal precisa morrer para vivermos bem, com saúde, com bem-estar, por que financiar ou participar desse ato bárbaro? É desnecessário (e até mesmo não recomendável nos dias atuais, por questões ambientais e sanitárias) nos alimentarmos de animais, cada vez mais a informação de profissionais atualizados em seus estudos e não financiados pelas indústrias perniciosas (pecuária e farmacêutica) vem chegando acerca do mito da “proteína animal” e do consumo de laticínios em qualquer fase da vida e desenvolvimento humano.

Muito além das comprovações científicas e empíricas que podemos observar, quando o desejo vem do coração, é fácil, é simples substituir hábitos que causam dor e sofrimento aos outros seres. Nenhum prazer sensorial se sobrepõe à compaixão porque o nosso ser não se preenche com ilusões ou sensações transitórias. Uma vez que o coração decide, decidido está e então vamos eliminando de nosso consumo tudo aquilo que fere, tortura, violenta e mata outros seres sencientes, ainda que não façamos de um dia para o outro, saberemos qual é o caminho da compaixão e por ele seguimos em fidelidade a nós mesmos.

No caminho da paz, por onde acreditamos e queremos trilhar, não existe solução única, imediatista, para os problemas do mundo, para o sofrimento dos animais, para o sofrimento das pessoas. Esperar que milagres venham de governantes pode ser frustrante, não acha? Então o que fazer? Podemos contribuir ao iniciarmos o nosso próprio despertar. Eu começo o meu. Você começa o seu. E assim caminharemos unidos em propósito. A separação superficial falará cada vez mais baixo porque intimamente saberemos que a compaixão nos conecta em uma instância muito mais profunda de nós. O amor que habita em mim, o amor que habita em você, esse mesmo amor que está latente em tudo e em todos esperando a oportunidade para extravasar.

LIBERTE-SE E LIBERTARÁS

A vaca não dá leite para nós, humanos; não brota leite da vaca como a grama que cresce em uma praça! A princípio essa frase pode parecer meio sem nexo para alguns e óbvia para outros. Mas não é tão óbvio assim… se necessário, leia novamente com calma. Sem inseminações artificiais nas vacas (autênticos estupros) não há gestação de uma nova vida, sendo preciso contínuas e ininterruptas induções ao estado de prenhez para dar conta de abastecer a insaciável “cadeia alimentar” humana. Tomamos indevidamente leite de vaca no duplo sentido, seja do ponto de vista moral por essa inerente violência do ato, seja do ponto de vista nutricional porque há fontes vegetais mais adequadas e realmente saudáveis para a nutrição humana (pesquise você mesmo se precisar, apenas não se deixe enganar).

No início de nossa vida humana, logo depois do período de lactação materna, é introduzida em nossa alimentação o leite dessa outra fêmea, a vaca, como se fosse um substituto natural ao leite da nossa mãe humana, prática que perduramos para o resto da vida como um hábito cultural entendido por saudável, a menos que isto acarrete algum problema de saúde, nos levando a abandonar a ingesta do leite animal em algum momento da vida. E então muito provavelmente passamos a vida como a única espécie que jamais desmama, mesmo depois de adultos, sem nos darmos conta de que fomos levados a crer que o leite de origem animal é alimento indispensável à saúde humana quando na realidade não é, mesmo porque bezerros e seres humanos, embora mamíferos, são fisiologicamente bem diferentes, corpos diferentes, força diferente etc.

Quando adultos já estamos bem adaptados e geralmente não nos questionamos sobre nada que aprendemos na infância e assim segue o baile. A publicidade e a sociedade à nossa volta encarrega-se de nos manter na ignorância, perpetuando-se o eterno ciclo de escravização de vacas para que tomemos o leite de suas crias, mas não só.

Búfalas, cabras (camelas etc) são escravizadas para que nos sirvamos das secreções mamárias que produzem, que originalmente existem para amamentar seus filhos – únicos destinatários de direito desses fluidos – e “subprodutos”. No caso das vacas, cuja produção de leite é maior, também entra em ação o rapto e posterior assassinato de seus bezerros nascidos machos pelo valor de sua “carne macia”, em um ciclo de sofrimento sem fim dessas mães constantemente abusadas em seus direitos básicos enquanto seres vivos sencientes (integridade de seus corpos, maternidade etc). São transformadas em “máquinas” parideiras e reprodutoras, adquirem mastite (inflamação) nas glândulas mamárias por viverem atadas às máquinas sugadoras, violentam seus corpos com uma aberração chamada fistulação. Bezerros, lactação, abandono, abuso, tortura, mais partos, mais sofrimento, mais crueldade até caírem desfalecidas e quiçá serem reaproveitadas como hambúrgueres, salsichas (e outras maçarocas que sobram de cadáveres de animais que chamamos de alimento). Nós podemos fazer diferente adquirindo novos valores e fazendo novas escolhas.

Por que continuar consumindo? Enquanto houver procura, haverá oferta e aí está a nossa responsabilidade acerca do destino dos animais. Se queremos paz para os animais, se queremos preservar os recursos do planeta Terra, a água, o solo, o ar, os rios… se acreditamos em uma justiça socioambiental mas nada fazemos de concreto, de efetivo, de transformador em nossa vida para criarmos esse outro mundo perfeitamente possível, considerando que é a pecuária uma das maiores e mais poderosas indústrias que tem arrasado todas as formas de vida no planeta Terra com seus matadouros e tratores, não conheço outra revolução mais potente e silenciosa do que o nosso empoderamento através de uma consciência adquirida no sentido de que temos em nossas mãos, literalmente, os instrumentos para a paz ou para a guerra contra os outros seres vivos e contra a nossa própria casa.

O nosso planeta Terra também representa o feminino (a geração e a sustentação da vida) portanto, violentar e matar os animais é também violar a nossa casa, o corpo feminino e também o masculino que habita todos os seres, pois somos interdependentes enquanto seres vivos. Ao consumir a vida dos animais estamos destruindo não só a vida e a jornada individual de cada um deles, mas perpetuando um grande desequilíbrio em nossas próprias vidas.

Devastação de florestas para pastagens e monoculturas de soja e milho para ração animal enquanto milhões de seres humanos passam fome, objetificação de seres vivos, destruição de relações afetivas entre mães e filhos, invalidação do feminino, opressão do feminino e masculino, manutenção de matadouros, manutenção de prisões onde despejamos os indesejáveis da sociedade e jogamos a chave fora, enfim, todas essas violências se conectam em uma só forma distorcida de enxergamos o mundo ao optarmos pela lente míope quando não nos permitimos usar o discernimento e a sábia visão do coração.

Falei um pouco sobre o sofrimento das vacas, mas similar crueldade se faz presente na exploração da capacidade reprodutiva de fêmeas de outras espécies como as galinhas, por exemplo, que são instrumentalizadas até a morte para servirem, igualmente, à uma desnecessidade nutricional humana. Assim como os bezerros machos são enviados ao matadouro, os pintinhos machos têm seus corpos triturados ainda vivos ou são jogados no lixo com o que resta de vida e sofrimento, morrendo asfixiados por desinteresse comercial, já que não terão utilidade para a postura de ovos e sua vida não interessa ser mantida para exploração da indústria pecuária.

Se quisermos consumir produtos derivados do leite como queijos, iogurtes, manteiga, margarina e outros industrializados como sorvetes, biscoitos, pães, bolachas, massas, doces em geral, saibamos que todos esses itens já são produzidos a partir de plantas ou sem ingredientes de origem animal, o que pode ser uma boa alternativa. Também podemos optar em levar uma vida ainda mais saudável e colaborativa com o planeta consumindo mais frutas, legumes, verduras e evitando embalagens desnecessárias, conservantes e outros componentes químicos prejudiciais à nossa saúde, fazendo em casa algumas dessas preparações, afinal, a internet é riquíssima em deliciosas e surpreendentes receitas.

Mesmo que alguém pudesse provar que a carne tenha um efeito altamente benéfico no corpo, continuaria inaceitável. Tenho a mesma opinião sobre o leite. É apenas outra forma de carne e o homem não tem o direito de tomá-lo. Argumentar que porque um bebê suga o leite da mãe, o homem deveria tomar o leite de vaca é o limite da ignorância. (Carta de Gandhi para Jamnadas em 2 de julho de 1913, em Sobre o Vegetarianismo, Mahatma Gandhi).

A objeção (vegana) a esse mundo mecanizado e exploratório não advém apenas da violência que é praticada pelas grandes empresas ou conglomerados industriais, mas de toda e qualquer violência ou exploração que seja praticada sob a mesma ótica utilitarista, de como, enquanto seres humanos, nos arrogamos no direito de tirar proveito ou de lucrar com a vida e o corpo alheio de quem não pode consentir com tais práticas.

Sistema industrial ou não, se estivéssemos tratando de pessoas humanas incapazes, por exemplo, e não das vacas que também são indivíduos sencientes com níveis desenvolvidos de consciência, estaríamos falando de estupro de vulnerável, abusos, maus-tratos, tortura, assassinatos… enfim, diversos crimes cometidos continuamente ao longo do tempo em ininterrupto estado de flagrância.

Daí porque a odiosa afirmação “cadeia para maus-tratos” que sempre é ventilada e propagandeada entre ativistas e celebridades de redes sociais não passa de pura demagogia eleitoreira e que também pode ser uma conveniente tentativa de punir o pobre para proteger o rico.

Manifestações compassivas e amorosas sempre estão presentes na humanidade e circulam entre nós cada vez que criamos esse espaço ao nos afastarmos da violência contra todos, a começar por nós mesmos. Não participar da opressão de outros seres é uma oportunidade que tem se mostrado com bastante constância na sociedade atual e parece que nunca foi tão simples e oportuno para finalmente deixarmos os animais em paz. E então estendermos esses sentimentos tão importantes simplesmente para todos aqueles que necessitarem, sem exclusões, sem julgamentos.

Amar é uma questão de escolha. Basta darmos os primeiros passos internos nessa direção e, para quem já deu, vamos prosseguindo nessa jornada que só pode beneficiar a todos nós, nos desidentificando com todas as formas de violência para relembrarmos nossa natural identificação com o que temos de mais profundo em nós que é a nossa conexão com todos os seres através do sentimento de compaixão, passando a nos expressar no mundo de acordo com essa consciência.

MUITO ALÉM DA ALIMENTAÇÃO

Como indicado acima, o propósito desse artigo é despertar algum sentir que vai além do processo mental da leitura. Quando nos permitimos abrir o nosso centro cardíaco em uma diferente perspectiva, considerando novas possibilidades de perceber e sentir os outros e o nosso entorno a partir desse local sagrado, podemos facilmente ir compreendendo as diretrizes essenciais (compaixão e não violência) que sustentam o veganismo e então esse processo de transformação vai acontecendo naturalmente. No mais, com acesso à internet, também encontramos documentários, filmes, receitas, informações variadas para quem quer saber mais sobre o respeito aos animais na prática.

A opção ética ou a ampliação da consciência individual, isto é, a maior percepção de nossas práticas cotidianas (consumo geral, trabalho, lazer, esporte… e seres envolvidos nessas dinâmicas – animais e/ou pessoas) é mera decorrência dessa radicalidade ou raiz amorosa que vamos aprendendo a colocar no mundo. Só o amor pode libertar e ir curando as feridas do mundo interno e externo.