🌄 Se somos todos um, vamos priorizar o ser ao fazer, o ser ao querer, o ser ao ter

Prédio pintado com grafite com desenho sobre espiritualidade e mensagem "somos todos um".

Contribuímos com a libertação dos humanos e dos animais quando simplesmente os enxergamos como são em essência.  

O mundo possui suas regras de conduta individual para a convivência social, mecanismos para a prevalência de direitos têm sido cada vez mais estendidos e amplamente utilizados. Se isso ainda não é suficiente, quando será? Aos olhos insatisfeitos do ego, nunca.

Nenhuma luta ou combate para o respeito, para o fazer (ou não fazer) precisa ser criado ou recriado, pois a manifestação compassiva no mundo fluirá naturalmente no tempo de cada um e à seu modo. Quando colocamos a energia do combate, da guerra, da luta em ação, acabamos por contribuir para o fortalecimento daquilo que gostaríamos que acabasse.

Enquanto nossa mente julgadora pensa que sabe a verdade dos outros e assim acaba por acrescentar mais dor no mundo, o Ser que somos simplesmente sabe, pois É a verdade; que compreende, aceita e ama.

É preciso ser amor, ser verdade, ser compaixão, ser justiça (que nada tem a ver com desejo de vingança)… para vermos tais atributos nas relações e no mundo.

Se ainda não sustentamos estar no mundo a partir desse lugar, o lugar do Ser, podemos visitá-lo em momentos de silêncio e introspecção. 

Quem vê no outro a dimensão do Ser além da forma se reconhece e aí está o genuíno reconhecimento preenchedor que nada tem a ver com nossos feitos.

Para mim, sentir emocionalmente o que o outro sente sempre foi algo natural, mas agora entendo melhor como se dá esse processo. Compaixão não é se imaginar no lugar do outro para “sentir” sua dor, empatia também não é se colocar no lugar do outro, pois nesses momentos é comum fugirmos de nós mesmos para tentar “salvar o outro” por supormos ser o correto a se fazer, e tudo isso acontece muitas vezes sem percebermos, pois é a atuação do nosso inconsciente assumindo toda a situação.

Não temos que salvar ninguém, mas existe um caminho mais sutil e eficaz que nos inclui e inclui aos outros. Precisamos apenas ser amor, ser presença viva e acolhedora, estarmos abertos e receptivos por inteiro quando em contato com o outro, bem conscientes de nós mesmos e assim permanecermos sem nos abandonar, ser compassivo ou ser empático não é sobre lutar, não é sobre salvar “vítimas de monstros”, é sobre estar junto, pois é somente ocupando esse lugar interno de poder que conseguimos realmente ver, perceber o outro, perceber o todo, facilitando o transbordar do amor incondicional que flui através de nós em direção aos outros seres, lugar de genuíno poder de onde ocorrerá ou não ações.

Não são exatamente nossos pensamentos ou a nossa mente que se coloca no lugar do outro porque nesse lugar só existe alteridade, só existem diferenças, crenças, repertórios individuais, distinção, separação, dualidade; mas sim a consciência que somos é quem “enxerga” e inclui naturalmente o “outro” e ao “fazermos” isso podemos experimentar o sentimento de unidade, pois estamos agimos no mundo a partir do Ser. Nossa mente é apenas uma pequena parte da consciência que somos que é muito mais ampla e está na totalidade do ser.

Sair de si significa atuar a partir do ego julgador e condicionado, da mente limitada que geralmente não é capaz de transformar positivamente a si, quem dirá aos outros, basta darmos uma olhada no noticiário para perceber o que egos são capazes de fazer a si mesmos e aos outros, muitas vezes em nome do “amor”, de “deus”, da “honra”…

Só vê o próximo quem se dispõe a enxergar as profundezas da vida, o que pode ser feito através de si, do contrário vivemos na superficialidade ilusória que nos afasta de nós mesmos.

Reconhecer a si mesmo no outro é encontrar a morada do amor que liberta, o amor livre, o amor incondicional que redime o mundo.