🦒 Zoológicos e aquários sem animais vivos são plenamente possíveis

Zoológico de Lujan, na Argentina

Este texto foi originalmente apresentado no curso de especialização em Museologia, Educação e Cultura, na PUC-SP, em 2021.

Primeiro as lembranças

Antes de adentrarmos na questão propriamente dita, aquela que irá propor estender os preceitos da Nova Museologia também aos zoológicos e aquários, em um brevíssimo preâmbulo, resgata-se duas lembranças de infância do autor incontornavelmente em primeira pessoa.

Uma delas está ligada ao Zoológico de São Paulo, com a presença de meus pais, na década de 1980. Recordo-me vivamente de ter acariciado aquele que é um dos animais mais velozes do mundo: um guepardo (acinonyx jubatus). Ele perambulava de um lado para o outro, impaciente, esfregando-se no gradil verde de seu minúsculo habitáculo. Tive a chance de tocar seus pelos com meus pequenos dedos (apesar do perigo que isso representava; bem, eram os anos 80). Mesmo sendo um grande caçador, ele agia como um gato doméstico (felis catus), mas com uma dimensão bem maior.

A outra, passada nessa mesma década, aconteceu quando frequentei assiduamente, ainda na companhia de meus pais, um clube em São Paulo que tinha ele próprio um minizoológico em suas dependências (atualmente desativado). Havia, entre tantos outros animais em espaços incompatíveis com suas características naturais, um grande leão (panthera leo) chamado Binho (o nome estava escrito em uma das paredes do seu espaço). Gostava da coincidência: o mesmo apelido que o meu (uma corruptela do diminutivo Fabinho) batizava também um dos animais mais poderosos do mundo, capturado muito provavelmente ainda jovem, e que talvez tivesse passado por tantos outros pequenos zoológicos. Ele estava sempre deitado e não aparentava ter ânimo para rugir ou fazer qualquer outra coisa além de se mostrar entediado…

Os dois felinos seguem vivos em minha memória, mas eles já não mais ocupam jaula alguma a essa altura. Libertaram-se, enfim, da nossa infinita curiosidade (no zoológico) e dos nossos mais variados caprichos (tê-los em clube privado). Distantes de suas famílias e de seus habitats de origem (no continente africano), vieram parar diante de mim e de tantas outras pessoas em uma metrópole antes ocupadas por povos originários e pela vasta Mata Atlântica, povoada ela também por diversas espécies endêmicas. Lembrar deles, do guepardo e do leão em suas jaulas, deixa-me certamente melancólico por eles terem que performar diante mim daquela forma, mas também esperançoso de que podemos fazer diferente nesta nova década e neste já não tão novo século XXI.

Um outro percurso

A Nova Museologia, certamente, bateu à porta de muitos (mas não todos) museus pelo mundo e vem entusiasmando e engajando um sem-número de profissionais da área diretamente ligados à museologia e áreas afins, mas, aparentemente, essa vaga não chegou (ainda) aos zoológicos e aquários, de forma igualmente enfática. Apesar de termos do que nos lamentar nesse caso especificamente, há também muito espaço para otimismo e entusiasmo, pois há no horizonte transformações e mudanças que, certamente, interessarão a muitos, que colocariam os zoológicos e os aquários, definitivamente, no século XXI, distanciando-os de suas origens que envolvem, basicamente, uma visão que enquadra uma enorme gama de animais – todos seres vivos sencientes – apenas como objetos ou coleções.

Como síntese inicial é possível, desse modo, considerar a Nova Museologia como uma mudança paradigmática estabelecida no campo das Museologias, mas que ainda não obteve a mesma ressonância no campo dos museus, majoritariamente herdeiros de uma proposta normativa. Portanto, meu argumento é que, atualmente, do ponto de vista das mudanças na concepção de mundo, se observa uma ‘nova revolução’, marcada pela emergência de um novo paradigma nas Museologias, apesar da maioria dos museus ainda não traduzir em seus processos a primeira grande mudança paradigmática. (BRITTO, 2021, p. 74)

Dentro das GLAMs (Galleries, Libraries, Archives, & Museums), um universo de inovações institucionais (e resistências, claro) pode ser observado, mas zoológicos e aquários, a despeito de modernas ações de marketing, como é o caso, por exemplo, do BioParque do Rio de Janeiro, que não representa uma substancial mudança no que se compreende como uma estrutura básica de zoológico e aquário, isto é, animais vivos confinados em simulacros, mas com uma aparência que disfarça os gradis ou os substitui por vidro, continuam refletindo uma época (o século XIX e o XX) em que queremos (e certamente desejamos) deixar ainda mais para trás:

Diferente de tudo que você conhece sobre o antigo zoológico, o BioParque do Rio veio escrever um novo capítulo na história da conservação de espécies no Brasil e ser o cenário de diversas lembranças inesquecíveis que você vai construir com sua família! (…) O mundo mudou, por isso, não podíamos continuar o mesmo! Deixando de lado toda a antiga concepção de zoológicos e coleções de animais, o BioParque do Rio prioriza o bem-estar e a conservação de espécies! (BioParque do Rio de Janeiro, 2021)

O discurso do BioParque do Rio de Janeiro, pelo que se pode observar através de diversos vídeos em uma plataforma como o YouTube[1], continua sendo um zoológico tradicional e a fala indicando que o “mundo mudou, por isso, não podíamos continuar o mesmo!” alude à frase do escritor Giuseppe Tomasi di Lampedusa: “Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.”[2]

O BioParque do Rio de Janeiro segue sendo um zoológico como qualquer outro.

Este texto, vale deixar explicitado, não demoniza ou sequer tem a intenção de atacar nenhum dos profissionais, ou mesmo instituições (citadas ou não), que se dedicam seriamente aos seus ofícios em zoológicos e aquários, por mais que a indisfarçável posição pessoal do autor seja contrária a da preservação ex situ, isto é, aquela que acontece fora do habitat dos animais. O que se verdadeiramente almeja é um sincero convite à reflexão (crítica) para que zoológicos e aquários invistam suas energias e recursos em um processo que dispense totalmente a presença de animais vivos perante os públicos visitantes para aquelas que, destacadamente, são duas de suas, geralmente declaradas publicamente, principais missões: preservar espécies ameaçadas de extinção e educar.

Tomando como base argumentativa partes do texto de referência para aquários e zoológicos, o WAZA (2005): Construindo um Futuro para a Vida Selvagem – Estratégia Mundial dos Zoos e Aquários para a Conservação, busca-se chamar a atenção para novos caminhos e perspectivas tendo como base, prioritariamente, a Nova Museologia e a proposição de novas práticas institucionais que permitiriam transformar zoológicos e aquários, como o de São Paulo (Brasil) ou o de Santos, para ficarmos restritos em apenas dois exemplos, em locais em que não haveria mais a exibição de animais vivos ao público, pois recursos expográficos supririam totalmente a ausência deles (endêmicos ou não, em extinção ou não), tornando as atividades de educadores e pesquisadores ainda mais relevantes e fundamentais para a difusão do conhecimento acumulado sobre os animais e, ao mesmo tempo, permitindo que o esforço conservacionista (dentro de novas balizas) fosse melhor aplicado e desempenhado removendo o público como elemento ao qual os animais, mesmo que distantes, tivessem algum tipo de interação (auditiva, visual e olfativa) evitando o estresse inerente desses encontros entre espécies tão distintas que, em habitats, raramente aconteceria sem a contundente intervenção humana.

A escolha do habitat é, certamente para a maioria dos animais, inclusive traço do seu processo evolutivo:

Ao escolher onde viver, muitos animais selecionam ativamente certos locais em detrimento de outros. Se viver em um determinado local aumenta a aptidão, então indivíduos capazes de ocupar habitats preferidos devem ter maior aptidão do que os outros que vivem fora dali, a menos que sejam forçados a dividir locais mais desejosos com outros rivais de sua espécie. (ALCOCK, 2010, p. 284)

Ao recriarmos ambientes, por melhor que sejam esses simulacros, para além de impedirmos que os animais façam suas próprias escolhas naturais, além de tolhermos seus movimentos que poderiam se estender em milhares de quilômetros para alguns escassos metros quadrados, impactamos, para os grupos de animais detidos em zoológicos e aquários, diretamente naquilo que é fruto de milhões de anos de intrincados arranjos genéticos e ambientais. Criamos artificialmente outra condição de adaptação aos quais, parece-nos evidente à luz da teoria evolucionista, apenas os mais aptos sobreviverão e, assim sendo, estabeleceríamos outro ponto evolutivo nessas diversas espécies submetidas ao cativeiro ao longo de várias gerações. E isso inclui o fato de que no processo de preservação com um número limitado de animais surgem problemas:

Há dois outros temas de ordem genética que irão tornar-se cada vez mais problemáticos para a gestão de populações no futuro: os problemas de adaptação dos animais ao ambiente do Zoo ou Aquário e o aumento provável do surgimento de características deletérias à medida que as populações aumentam o seu nível de consanguinidade. (…) A selecção artificial, consciente ou inconsciente, irá tender a algum grau de domesticação dos animais, ao longo do tempo. As características submetidas à selecção podem ser subtis, mas significativas, tais como, a diminuição da resposta de medo ou da agressividade, ou a eficácia digestiva das dietas artificiais. (WAZA, 2005, p. 38)

Apesar da ausência de familiaridade do autor (oriundo das ciências humanas) com a biologia e sua extrema complexidade, parece minimamente aceitável intuir que animais ex situ terão comportamento diferente de animais in situ ao longo do tempo. Estimando que zoológicos e aquários, assim como museus, são instituições que pretendem (e que possuem estímulo e aceitação social) existir indefinidamente com, no mínimo, o intuito de preservar memórias, que tipo de animais, afinal, os zoológicos estão conservando e projetando nas próximas décadas e nos próximos séculos?

Nessa toada, é até compreensível que a postura defensiva dos autores do documento da World Association of Zoos and Aquariums (WAZA) mencione diretamente o enfrentamento que zoológicos e aquários devam fazer a ativistas da causa animal (grupo no qual o autor deste trabalho de algum modo se insere e tem afinidade) que veem nos zoológicos e aquários fonte de sofrimento ao removerem de seus habitats diversas espécies de animais para exposição ao público com sentido educativo, mas também com o ímpeto de entreter (divertir):

Um sector frequentemente hostil para os Zoos é o dos grupos de influência crescente dos direitos e bem-estar dos animais, que dão ênfase aos interesses dos animais como indivíduos em detrimento da conservação de espécies ou de ecossistemas; a oposição vem também da parte do movimento de conservação que duvida da justificação para retirar animais do meio selvagem. Se os Zoos e Aquários vão desempenhar um papel activo na conservação, deverão enfrentar a oposição de modo frontal, compreendendo as críticas, adaptando-se onde necessário e explicando as suas acções de forma a ganhar o apoio do público. (WAZA, 2005, p. 9)

Mas ativistas, para além do engajamento combativo e persuasivo, possuem memórias de eventos que, por si só, ensejam cautela e lhes dão argumentos minimamente válidos em suas atividades (comumente traduzidas em ações pacíficas e educativas).

Antes de grandes mudanças administrativas, o Zoológico de São Paulo foi alvo de investigação policial, em 2004, que teve início quando uma série de animais sob sua tutela foram envenenados por um grupo de criminosos que atuava de maneira fraudulenta. Funcionários e ex-funcionários abusaram da confiança da qual gozavam e perpetraram toda sorte de ações que visavam aferir lucro através de negociatas envolvendo animais e desvio de itens destinados à manutenção das atividades do zoológico. Após terem suas ações dificultadas por uma nova organização institucional, tal grupo pôs em curso um plano de vingança que envolveu eliminar, inclusive, animais que tinham estima especial do público visitante daquela época. Foram posteriormente descobertos e desbaratados por uma investigação policial:

Os assassinos agiram em grupo, não há dúvida. Com um veneno incolor, inodoro, insípido e hidrossolúvel, aparentemente não queriam deixar rastros, mas foram atropelados pela ousadia: despertaram a suspeita de crime ao atacar, em série, exatamente as maiores atrações do parque. (CORRÊA e LEITE, 2004)

Tal evento não se repetiu ao longo dos anos, mas expôs de maneira evidente o risco que os animais correm dentro de um espaço, gerido por pessoas em sua maioria bem-intencionadas, que, a princípio, existe com a missão primeva de protegê-los.

Ainda na lógica de uma sincera preocupação com o bem-estar animal, ou até mesmo com uma forma mais rigorosa de encarar o envolvimento entre as diversas espécies, para além das pesquisas científicas (tema que não será abordado aqui, mas que poderia seguir na mesma linha, isto é, dispensar animais dessas atividades), observa-se com cautela o espaço que zoológicos e aquários ocupam nos tempos de hoje remontando suas origens:

Desde o seu surgimento, os zoológicos gozam de uma ambígua vocação, sendo lugares de entretenimento saudável e instrutivo para os cidadãos, de estudos científicos e símbolos de grandeza nacional – não se pode esquecer o contexto colonialista de seu desenvolvimento. Por todo o século XIX, são os “empreendedores da colonização” que fornecem animais selvagens e exóticos aos jardins emergentes (…) Durante este mesmo período, exibições itinerantes de animais e pessoas considerados exóticos se instauram em zoológicos europeus: “milhões de espectadores irrompem diante desses homens e bichos estranhos, todos confundidos pela denominação de ‘selvagens’”. Nos empreendimentos coloniais, o número de animais mortos para a captura de um vivo, em geral filhote, era enorme, já que era preciso matar as fêmeas cuidadoras e muitas vezes o chefe do bando para se ganhar acesso ao pequeno. Carl Hagenbeck, comerciante alemão de animais exóticos celebrado como o criador do zoológico moderno (além de famoso por suas exibições de humanos), afirmava-se “‘muitas vezes obrigado a matar’ os elefantes que protegiam seus descendentes com a muralha de seus corpos”. O transporte até o destino, longo e precário, com os animais alojados em péssimas condições, era causa de muitas outras baixas. Considerados “mercadoria colonial”, animais feridos e desidratados eram abandonados pelo caminho com membros gangrenados, outros eram embalados, e o mesmo Hagenbeck conta sobre um elefante de quase uma tonelada e meia que passou os 40 dias de viagem até a Europa “sem banho nem nutrição”. Apesar disso, e embora comerciantes calculassem que metade dos animais perecesse durante o transporte, a quantidade de exemplares que chegava ao destino é impressionante. (FAUSTO, 2020, p. 125)

Ménagerie de Versailles (França), 1740. Os predecessores dos zoológicos modernos lembram muito um panóptico, não?

Nem mesmo uma organização como a WAZA, com diversas instruções que visam um bom desempenho por parte dos zoológicos e aquários, colocando o bem-estar animal sempre em primeiro lugar, consegue assegurar que seus associados a sigam suas instruções à risca. Não é o caso do Zoológico de São Paulo, mas é, por exemplo, o que indica o Instituto Butantan, em São Paulo acerca de seu macacário e demais ambientes que expõem animais vivos.

Uma reportagem do periódico estadunidense National Geographic expôs denúncia de um relatório da ONG World Animal Protection (WAP) indicando que centenas de zoológicos e aquários permitiam práticas que feriam diversas diretrizes de bem-estar animal[3]. As acusações foram rechaçadas, mas a despeito da polêmica que poderia se formar ante aos posicionamentos contrários da WAP e da WAZA, como seria possível fiscalizar de maneira eficiente zoológicos e aquários globalmente de modo seguro e transparente se a associação faz, basicamente, recomendações e não pode, além de descredenciar zoológicos e aquários associados, impor nenhum tipo de sanção ou interferir na administração dessas instituições? Mesmo quando zoológicos e aquários declaram publicamente que seguem os preceitos da WAZA, não há como ter garantias de que eles realmente cumprem as diversas recomendações como as que estão presentes no documento de 2005.

Um novo olhar

Se não desviamos mais os olhos das origens dos acervos dos grandes museus nascidos no século XIX e XX, por que ainda fazemos isso quando pensamos na origem das “coleções de animais” em zoológicos e aquários? Elas fazem parte do mesmo gesto colonialista de arrancar, deslocar e tirar do contexto objetos e seres vivos (humanos, inclusive). Essa pilhagem (com verniz civilizatório) formam as bases de um vistoso castelo de cristal construído sobre um pântano lodacento. Mas não se trata, vale reforçar mais uma vez, de lançar todos os envolvidos com esses objetos e animais na contemporaneidade numa espécie de julgamento da história, condenando a todos sumariamente, porque sabemos da importância que esses acervos, em especial os de objetos, têm para contar histórias, inclusive a história de seus sombrios percursos até nós.

Mas os animais, que têm um tempo de vida finito, só são perpetuados como coleções graças aos avanços de técnicas reprodutivas e de uma compreensão cada vez mais elevada sobre processos genômicos. Não faz sentido, portanto, manter esse gesto colonialista se temos também uma maior compreensão, ainda mais no século XXI, da importância da preservação dos biomas e dos efeitos nefastos que a destruição sistemática deles representa para todo o planeta.

Biomas são compostos por um complexo conjunto de ecossistemas que possuem flora e fauna específicas. Tirar deles seres vivos sob o pretexto de preservar faz tanto sentido quanto tirar de povos originários suas tradições e suas línguas para salvá-las da destruição iminente ante o avanço, entre outros fatores, do agronegócio e das empresas mineradoras…

As discussões que chegaram aos museus com força, e com forte desejo de renovação e mudança, não deveriam, por conseguinte, tangenciar zoológicos e aquários como se estes fossem espaços operatórios exclusivos de biólogos, zoólogos, geneticistas, veterinários e demais profissionais ligados a essa atividade tão específica – a de manter diversos tipos de espécies vivas em seu confinamento ex situ. A Nova Museologia, em especial no seu ímpeto decolonial, cabe, pode-se dizer até com grande possibilidade de acerto, nesses dois espaços que tiveram uma origem (e consequente cristalização em nossos imaginários) tão próxima quanto as dos museus. Não se trataria, portanto, de anacronismo ou imprecisão inserir zoológicos e aquários no mesmo espectro de interesse e na necessidade de trazê-los, de fato, ao século XXI. A desconstrução dos museus do século XIX e XX também pode ser estendida aos zoológicos e aquários, de modo que para todos os envolvidos, mas em especial os animais que são o seu principal atrativo e razão de serem, pode trazer ganhos reais em termos de bem-estar animal e aprendizado.

Painel informativo no Zoológico de São Paulo com animal de origem de outro continente / Foto de Carlos Varela

Um simulacro “de verdade”

Tecnologias, as mais distintas, mas dentre elas a virtual reality (VR) e a augmented reality (AR), poderiam despontar como sendo as mais atrativas ao público (incluindo os jovens familiarizados com as linguagens digitais, especialmente por intermédio de jogos eletrônicos), mas sem deixar de lado soluções já amplamente utilizadas por museus, e mesmo zoológicos e aquários, como os vídeos (mini documentários), websites, os painéis expositivos, os jogos (digitais ou analógicos) e, claro, a ação fundamental de educadores atuando in loco. É o caso da obra Inside Tumucumaque[4], apresentada no Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE), em 2019 na FIESP, servindo como exemplo do potencial do VR, algo do tipo poderia ser estendido para todo o zoológico ou aquário de forma a propiciar uma experiência sem animais vivos e de modo extremamente imersivo recriando o ambiente e os animais:

A área de preservação ambiental Tumucumaque, localizada no norte do Brasil, está ameaçada. A experiência interativa em VR (realidade virtual), Inside Tumucumaque, nos coloca em uma clareira dentro da floresta amazônica, onde podemos descobrir e explorar diferentes aspectos da região. É possível mergulhar no ecossistema da floresta e entrar na vida de morcegos-vampiro, jacarésaçus, harpias, aranhas-golias devoradoras-de-pássaros ou dos sapos venenosos dendrobatidae. Vivenciamos os sentidos dessas criaturas através da visão e do tato, sendo a investigação científica interpretada e transmitida ao público de forma divertida e interessante. A experiência nos faz entender a beleza e vulnerabilidade do inigualável ecossistema da floresta Amazônica, além de nos proporcionar um encontro com as habilidades extraordinárias das criaturas que ali habitam. (FILE, 2019)

Trailer da obra Inside Tumucumaque

A preservação in situ, isto é, aquela que ocorre no habitat das diversas espécies de animais, parece-nos a forma ideal de profissionais de zoológicos e aquários continuarem atuando nessa área que requer a mão humana para minimizar e mitigar os impactos de nossas próprias atividades que atingem o meio ambiente (em especial a agropecuária, a pesca, as diversas formas de poluição, a atividade industrial, a mineração, o desmatamento e o crescimento das cidades). Animais resgatados do tráfico ou, por exemplo, de desastres ou crimes ambientais, que tiverem condição de retornarem aos seus habitats poderiam fazer parte de programas de recuperação e reintegração e os que não puderem poderiam ser encaminhados para reservas especialmente projetadas para eles, novamente contando com a imprescindível atuação dos profissionais de zoológicos e aquários. Reforço pela terceira vez: o conhecimento e experiência desses profissionais, de modo algum, deveria ser descartada. Ela só precisaria ser reencaminhada para outra forma de realização institucional.

Profissionais habilitados para desenhar espaços simulacros reais para os animais poderiam ir muito além em ambientes virtualizados com sua quase ausência de limites! A experiência acumulada em design de zoológicos (e aquários) também não seria dispensada, muito pelo contrário, pois ela é inerentemente interdisciplinar:

O pensamento da relação homem/animal pelo espaço está contido em uma área de estudo e atuação denominada Design de Zoológicos (Zoo Design), na qual há o envolvimento de biólogos, arquitetos, paisagistas, engenheiros, artistas, designers e veterinários, os quais criam ambientes que deem conta de aspectos relativos ao bem-estar animal, ao manejo técnico seguro e eficiente, e, sobretudo, buscam dialogar com o visitante. (VENTURINI, 2013, p. 46).

Este movimento permitiria, também, eliminar a necessidade de reproduzir os animais apenas com o sentido de sustentar coleções para exibição (além de permitirem troca de animais entre zoológicos e aquários), pois essa atividade, a depender da espécie, pode gerar animais excedentes em programas de reprodução bem sucedidos excedendo a capacidade de um zoológico ou aquário e, nesse caso, é recomendável, em último caso (mas não deixando de ser uma possibilidade, justamente a pior para os animais), a eutanásia dos animais (criados com o fim primevo da preservação, vale lembrar):

Nos Zoos e Aquários, onde estes factores [doença, escassez de alimento etc] estão ausentes ou são controlados, os programas de reprodução bem-sucedidos têm o potencial de produzir excedentes. (…) Podem existir razões objectivas de bem-estar a favor da reprodução e podem existir razões objectivas a favor da eutanásia ou do abate selectivo com vista à regulação da dimensão populacional (culling), sob determinadas circunstâncias. (WAZA, 2005, p. 88)

Promovendo essa imersão ao invés de oferecer vislumbres (numa espécie de panóptico[5]) dos animais em simulacros (espaços desenhados para simular seus habitats), o impacto pode ser maior quanto mais apuro houver no conteúdo digital. Nesse sentido, a obra Inside Tumucumaque é exemplar. Certamente não seria possível estender esse recurso a todos os zoológicos, mas ao mesmo tempo que em que há uma cultura de troca de animais entre instituições, pode haver também uma fértil troca de soluções que melhor exibem os conteúdos que irão entreter e divertir os visitantes.

Poder ver animais é algo que certamente muitas pessoas acreditam ser uma experiência necessária a ser vivida (assim como a caça, os rodeios, o hipismo, a pesca, corridas de cavalo, rinhas de galo e cachorro etc) e isso justificaria, aquários, zoológicos, safáris, a interação como animais selvagens (geralmente dopados) para selfies, mergulhar com tubarões, golfinhos e baleias entre outras formas de contato com outras espécies. Recriar digitalmente os habitats e os animais poderia, de algum modo, modificar essa necessidade e treinar o nosso olhar, algo que os zoológicos e aquários já fazem com a configuração atual, de um outro modo, diluindo as expectativas de ver pessoalmente os animais em uma atividade que não seria positiva dado o seu impacto sobre essas outras espécies:

[O documentário] The lord of bird frustra maravilhosamente os espectadores porque é sobre um animal que podemos não ser capazes de ver, que provavelmente erradicamos da Terra (se não completamente, então quase). Esperamos ansiosamente vê-lo durante o filme, e talvez o vejamos numa breve, embaçada e controversa tomada, mas certamente não conseguimos ter uma visão clara e satisfatória do pássaro. Isso nos ensina uma lição que considero vital: não somos imperadores onipotentes que podem olhar qualquer animal quando bem entendemos. Apesar da ausência do animal do título, o filme transmite, intensamente, uma noção do pássaro: sua história e ecologia, sua ressonância lendária. Butler [a diretora do documentário] mostra que podemos pensar amplamente sobre um animal sem a necessidade da sua aparição literal no nosso campo de visão. O “olhar humano”, como um tropo, é problematizado e subvertido no filme. (MALAMUDY, 2011, p. 381)

Daí que a parte educativa e expográfica podem acontecer através de técnicas (digitais e/ou analógicas, o que pode variar a depender dos recursos de cada instituição) que dispensem também animais vivos em suas ações com o público, pois, a exemplo de exposições em museus que lançam mão desse tipo de artifício, o público visitante comparece em grande número, como foi o caso de diversas mostras no Museu da Imagem e do Som de São Paulo[6]. Não haveria sentido, então, em desprezar todo o conhecimento acumulado por pesquisadores e profissionais até aqui para dar curso nesta que, acreditamos, seja uma mudança de paradigma totalmente viável e desejável diante, principalmente, das emergências climáticas e da ausência de sinais de que haverá diminuição das atividades humanas com fins econômicos e consequente restauro de ambientes naturais.

Indicar que as administrações de museus (privados ou públicos) renunciem às suas coleções seria um gesto, evidentemente, ousado (e até ilegal no caso dos museus públicos). Talvez tal atitude soasse até como uma desobediência epistêmica para mantermos proximidade com o reportório conceitual que gravita a Nova Museologia… Cremos que mesmo aquelas instituições que pudessem dificilmente o fariam – e não é necessário, diga-se. E, de fato, quando se trata de objetos, por mais importantes que eles sejam, eles não estão acima da vida, a despeito de sua singular importância, que seria o caso dos animais em zoológicos e aquários tratados como itens em coleções, ou seja, transformados no equivalente aos objetos singulares em museus.

Os zoológicos e aquários podem, e devem na medida do possível, desistir de exibirem suas “coleções” de animais ao público num ato ressignificante, elevando-as a não mais ao status de intocáveis (como muitos objetos em museus o são), mas de serem específicas a ponto de não poderem ser vistas/visitadas da mesma forma como é o caso dos objetos nos museus. Na verdade, muitos museus, com objetos raríssimos e insubstituíveis, criam barreiras até mesmo para pesquisadores e, em muitos casos, só é possível ter acesso a cópias digitais de determinados itens (especialmente documentos, livros, mapas etc).

Considerações finais

Se hoje achamos abominável saber que existiram “zoológicos humanos”[7], que relegaram tantas pessoas a uma condição exótica (selvagem) ou de aberração, por que deveríamos continuar achando benéfico, em termos de aprendizado e para o próprio bem-estar animal, manter zoológicos e aquários no século XXI exibindo animais vivos? Mesmo passando ao largo das vastas e necessárias discussões que envolvem os direitos dos animais neste texto, não parece digno que eles habitem espaços com o propósito de nos entreter quando todos teriam uma vida plena, em seus grupos familiares, a ser vivida em seus ambientes naturais, interrompidas geralmente por nossas ações.

O Zoológico de Buenos Aires, aparentemente, ruma para um caminho mais harmônico nesse sentido. Apesar de ser totalmente necessário conhecê-lo in loco, e este zoológico ainda contar com a presença de animais vivos em suas instalações, diversas de suas áreas antes destinadas à exposição de animais foram desativadas. Sua atratividade, agora, se dá, em grande parte, devido a sua arquitetura remanescente que alude justamente a um tempo que o zoológico parece querer abandonar e o fato dele ser um grande parque para caminhadas. É válida, contudo, ênfase no parece, pois o site da instituição ainda demonstra forte conexão com o ímpeto de conservacionista quando se refere aos animais.

Ao mesmo tempo em que este movimento ocorre, ainda na província de Buenos Aires, a apenas alguns quilômetros de distância, havia o Zoológico de Luján, visitado por muitos brasileiros (70% do público), que permitia o contato direto das pessoas com os animais selvagens para todo tipo de interação (principalmente selfies). Após diversas denúncias[8], especialmente de ativistas e de pessoas preocupadas com o bem-estar animal, as mesmas que causam grande preocupação para os responsáveis pela WAZA, as autoridades argentinas finalmente determinaram o fechamento do estabelecimento que, entre outras práticas, por conta da queda de movimento durante o período pandêmico de 2020 e 2021, deixou sem alimentação diversos animais para morrerem.

Em um site amplamente utilizado por turistas globalmente, o TripAdvisor[9], que auxilia viajantes a decidir quais locais visitará através de geolocalização ou por buscas ativas, não faz nenhuma menção ao ocorrido na página destinada ao Zoológico de Luján. Este serviço online, gratuito, permite um vislumbre da opinião dos frequentadores que, além de deixarem suas impressões registradas e algumas fotos, emite uma nota ao estabelecimento e cria um ranking[10] que também ajuda as pessoas a decidirem o que fazer quando buscam destinos.

O Zoológico de Luján recebeu até o momento da escrita deste texto 3.985 avaliações nessa plataforma e, nitidamente, conta com depoimentos celebrando justamente a possibilidade do contato com os animais (seu principal atrativo, na verdade). Por outro lado, o Zoológico de Buenos Aires, transformado em bioparque, tem 2.371 avaliações e é possível notar desapontamento em relatos que indicam ausência ou a impossibilidade de observar os animais de perto.

Após navegar pelo site TripAdvisor e ver diversos vídeos no YouTube, fica-se com impressão de que o percurso de ressignificar o papel dos zoológicos e aquários não será curto e muito menos simples, mas ele parece plenamente possível se respeitarmos os animais e seus habitats:

18. Todas as pessoas têm o dever e a obrigação de respeitar e exigir o respeito pelo habitat, formas e condições de vida dos animais não humanos, assim como de abster-se de qualquer forma de crueldade na produção de alimentos. (Declaração Universal de Deveres Humanos, 2017)


Notas:

[1] Nenhum vídeo específico está sendo elencado, pois são, de fato, muitos os que podem exibir, pelos registros dos visitantes na plataforma YouTube, o fato do BioParque do Rio de Janeiro continuar sendo um zoológico tradicional. De todo modo, uma visita técnica in loco seria o mais apropriado para uma melhor avaliação e ponderações.

[2] A frase, do livro O Leopardo (coincidentemente outro felino, mesmo que metafórico, em cena), é tão célebre que, talvez, seja mais famosa que a própria obra e seu autor, que morreu sem conhecer o sucesso que o seu livro faria por sua grande qualidade literária. Neste caso, fez-se uso da tradução de Maurício Santana Dias, na publicação da editora Companhia das Letras.

[3] FOBAR, Rachel. Centenas de zoológicos e aquários acusados de maus-tratos a animais. National Geographic, 15 out. 2019. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2019/10/zoologicos-aquarios-acusados-maus-tratos-animais-zoo-selfie-waza. Acesso em: 13 dez. 2021.

[4] Infelizmente não houve a chance de vestir o equipamento de VR por conta da enorme fila de espera no dia da visita à exposição FILE 2019. Mas já existiu a oportunidade de utilizar equipamento similar em jogos eletrônicos e o entusiasmo com a tecnologia se justifica totalmente, apesar dela ainda ser bastante restrita devido, principalmente, ao seu elevado custo para consumidores finais. De todo modo, trata-se de um serviço que poderia ser disponibilizado e mantido por instituições em parcerias com empresas de tecnologia.

[5] A autora Juliana Fausto, numa extensa e interessante nota de rodapé de seu livro, A cosmopolítica dos animais, indica o seguinte para esse termo, o panóptico, que elencado aqui pode parecer um tanto sem sentido: “Baratay e Hardouin-Fugier comentam que, por uma ‘especificidade intelectual francesa’, a questão encontrou pouco eco no país e que mesmo ‘um Michel Foucault, filósofo das prisões, da clínica e da loucura, não se interroga sobre o zoológico’. Na verdade, embora não participe da crítica aos zoológicos, Foucault faz uma menção, em Vigiar e punir, que, apesar de breve, é poderosa, ao insinuar uma relação entre o panóptico e as coleções reais de animais: ‘Bentham não diz se foi inspirado, em seu projeto, pela ménagerie [o equivalente que os gabinetes de curiosidades foram para os museus, as ménageries foram para os zoológicos] que Le Vaux construíra em Versalhes, primeira ménagerie na qual os diferentes elementos não são, como era tradição, disseminados em um parque: no centro, um pavilhão octogonal que, no primeiro estágio, incluía apenas uma peça, o salão do rei; todos os lados se abriam por grandes janelas sobre sete jaulas (o último lado era reservado à entrada) onde estavam presas diferentes espécies de animais. Na época de Bentham, essa ménagerie não existia mais. Mas encontramos no programa do Panóptico o cuidado análogo da observação individualizante, da caracterização e da classificação, do ordenamento analítico do espaço. O Panóptico é uma ménagerie real; o animal é substituído pelo homem, o agrupamento específico pela distribuição individual e o rei pelo maquinário de um poder furtivo’ (Foucault, 1975, p. 204-205).”

[6] VEIGA, Edison. Museus de SP batem recorde em 2014. O Estado de São Paulo, São Paulo. Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/edison-veiga/museus-de-sp-batem-recorde-em-2014/. Acesso em: 13 dez. 2021.

[7] A autora Sandra Sofia Machado Koutsoukos trata amplamente do assunto na obra Zoológicos humanos: gente em exibição na era do imperialismo, publicado em 2020 pela editora Unicamp.

[8] ROSA, Luciana. Animais famintos e mortos: o trágico fim do “zoo dos tigres” na Argentina. Nossa UOL. 24 set. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2020/09/24/zoologico-que-oferecia-contato-direto-com-animais-fecha-portas-na-argentina.htm. Acesso em: 13 dez. 2021.

[9] Zoo Luján. TripAdvisor. Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g1202607-d1635158-Reviews-ZOO_Lujan-Lujan_Province_of_Buenos_Aires_Central_Argentina.html. Acesso em: 14 dez. 2021.

[10] O Zoológico de Luján é a 15ª atividade mais interessante para se fazer em Buenos Aires segundo o site TripAdvisor. Atrás apenas do aquário Mundo Marino e do zoológico Temaiken Biopark, nas 7ª e 13ª posição, respectivamente. Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Attractions-g312743-Activities-a_allAttractions.true-Province_of_Buenos_Aires_Central_Argentina.html. Acesso em: 16 dez. 2021.


Referência bibliográfica

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BRITTO, Clovis Carvalho. “As palavras continuam com os seus deslimites”: reflexões sobre Sociomuseologia e linguagem de especialidade. In: PRIMO, Judite; MOUTINHO, Mário C. (ed.). Teoria e prática da Sociomuseologia. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2021. E-book.

CORRÊA, Sílvia; LEITE, Fabiane. Controle no zôo de SP motivou matança de animais, crê polícia. Folha de São Paulo, São Paulo, 23 abr. 2004. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u93243.shtml. Acesso em 13 dez. 2021.

FAUSTO, Juliana. A cosmopolítica dos animais. São Paulo, SP: N-1, 2020.

Interactive Media Foundation; Filmtank. Inside Tumucumaque, 2019. Disponível em: https://file.org.br/file_sp_2019/interactive-media-foundation-filmtank-co-created-with-artificial-rome-2/?lang=pt. Acesso em 13 dez. 2021.

FOBAR, Rachel. Centenas de zoológicos e aquários acusados de maus-tratos a animais. National Geographic, 15 out. 2019. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2019/10/zoologicos-aquarios-acusados-maus-tratos-animais-zoo-selfie-waza. Acesso em: 13 dez. 2021.

FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO. Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos, 2017. Disponível em: https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/. Acesso em: 15 dez. 2021.

MALAMUDY, Randy. Animais no cinema: a ética do olhar humano. In: MACIEL, Maria Esther (Org.).Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2011.

VENTURINI, Rachel de Castro. O Zoológico entendido como paisagem contemporânea. 2013. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2013.

VISITE. Bio Parque do Rio de Janeiro. Disponível em: https://bioparquedorio.com.br/visite. Acesso em: 13 dez.2021.

ROSA, Luciana. Animais famintos e mortos: o trágico fim do “zoo dos tigres” na Argentina. Nossa UOL. 24 set. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2020/09/24/zoologico-que-oferecia-contato-direto-com-animais-fecha-portas-na-argentina.htm. Acesso em: 13 dez. 2021.

WAZA (2005): Construindo um Futuro para a Vida Selvagem – Estratégia Mundial dos Zoos e Aquários para a Conservação. Disponível em: https://butantan.gov.br/assets/pdf/WZACS_Portuguese.pdf. Acesso em: 13 dez. 2021.