🌱 Duas meninas e um objetivo em comum: salvar a(s) vida(s).

A adolescente e ativista Greta Thunberg sentanda perto do Parlamento do seu país ao lado de um cartaz com os dizeres greve escolar para o clima.
A ativista ambientalista Greta Thunberg (Foto: Jessica Gow / IT)

Nas últimas décadas, passamos rapidamente da necessidade de preservar o meio ambiente natural para as futuras gerações à premência de garantir o direito das atuais gerações a terem um futuro. A biosfera e tudo o que nela vive está em risco. Quem, hoje, está fazendo a sua própria lição de casa já percebeu que precisamos de uma nova maneira de pensar o mundo à nossa volta e, sobretudo, que seja acompanhado de ação. E não nos resta mais tempo a perder.

Esse é um dos recados incisivos que vem tentando passar Greta Thunberg, uma garota de 16 anos de pequena estatura mas de grande consciência política e ética, vegana e ativista climática que começou a fazer greve escolar, sozinha, sentada ao lado do parlamento sueco junto a uma placa com a frase skolstrejk för klimatet (greve escolar para o clima) e, desde então, chamado a atenção da mídia. Foi convidada para palestras, discursos, conferência climática da ONU e assim inspirou milhares de estudantes por toda a Europa para um movimento de greves escolares que passou a ocorrer todas as sextas-feiras desde agosto de 2018.

“Precisamos mudar quase tudo em nossas sociedades atuais”, disse Greta aos políticos e empresários presentes no último Fórum Econômico Mundial em Davos (este mesmo onde o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, exposto ao vexame internacional, lançou cinicamente “o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente”).

Greta Thunberg é mais uma voz consciente de nossos tempos a clamar por ação imediata, especialmente das empresas e dos governantes, chamando à responsabilidade os adultos gananciosos e infantilizados que se negam à tomada necessária de decisões por estarem concentrados em seu próprio egoísmo e individualismo exacerbado: “Os adultos continuam dizendo: ‘devemos aos jovens dar esperança’. Mas eu não quero sua esperança. Eu não quero que você seja esperançoso. Eu quero que você entre em pânico” – disse Greta Thunberg.

A urgência dela corresponde ao sentimento de grande parte dos ativistas veganos, socialmente invisíveis pela pauta que representam, assim como ela era antes de seu movimento estudantil climático.

Antes da visibilidade mundial de Greta Thunberg devido ao seu aguerrido ativismo climático, ela fora diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo de Asperger, uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades na interação social, o que faz com que ela diga apenas o que é necessário. E, conforme relata, os discursos que ela mesmo prepara vem sendo muito bem compreendidos: “Eles entendem o que eu digo. Ou, quando digo essas coisas, as pessoas riem nervosamente e não sabem como reagir, e isso é muito divertido” – diz sorrindo.

Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não veem. [Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago].

O chamado para a ação é a mola propulsora que move os despertos a fim de alertar os cegos voluntários, dormentes, preguiçosos e inertes para que também façam a sua parte, pois chegamos num ponto crucial da história humana onde o aquecimento do planeta, sem dúvida, é o grande e maior desafio global contemporâneo que requer conscientização coletiva.

Noutro canto do planeta, Genesis Butler é outra garota de 12 anos empenhada em mudar o destino dos animais (não-humanos e o nosso), ativista mirim que mora em Los Angeles, tornou-se vegana aos 6 anos de idade, tendo convencido sua família a seguir seus passos. Recentemente, também conseguiu algum destaque na mídia internacional ao lançar um desafio público ao Papa Francisco para que ele adote uma dieta que não contenha nada de origem animal durante a Quaresma (em contrapartida, a Fundação Blue Horizon se comprometeu a doar um milhão de dólares para uma instituição de caridade indicada pelo Papa). Conforme divulgação da campanha, o objetivo é ampliar a visibilidade da luta travada pelos ativistas abolicionistas em defesa dos animais que salvam centenas de vidas e combatem, dia a dia, as mudanças climáticas através da abstenção do consumo de animais, ovos, laticínios e derivados, podendo servir de inspiração para inúmeros cristãos repensarem seus hábitos alimentares e resgatarem valores de compaixão e solidariedade.

Genesis Butler, como toda ativista vegana engajada, também sabe que faz diferença o que cada um de nós faz na vida e, neste caso, a falta de consciência sobre a importância de outra vida para aquele que a vive, sobre o sofrimento animal e a nocividade da pecuária (mais poluente do que as petrolíferas) representam impactos devastadores que vão além de cada animal explorado, torturado e executado na indústria ou fora dela, abrangendo toda a rede da vida, com reflexos maléficos na saúde humana e no clima da Terra, pondo em risco ecossistemas do planeta nas próximas décadas.


A pouca idade da ativista vegana não foi impeditivo para que palestrasse no TEDx Talk com apenas 10 anos de idade sobre como a alimentação vegana pode curar o planeta, já tendo sido premiada por seu ativismo em prol dos animais. Também fundou uma instituição sem fins lucrativos chamada Genesis for Animals para ajudar pessoas que resgatam animais e oferecer suporte a santuários.

Sendo atendido ou não o seu pedido aberto encaminhado ao Papa Francisco, Genesis Butler, assim como Greta Thunberg, já deram o seu recado ao mundo para que cada pessoa humana, sobretudo as adultas, enfrentem a sua responsabilidade individual e coletiva ante o maior desafio da humanidade: a imediata adoção de novos valores que respeitem a vida com simples mudanças de hábitos se quiserem sobreviver, porque elas querem. E querem auxiliar quem também quer viver! É o que ativistas animalistas ou veganos vem fazendo há tempos.